sábado, 21 de novembro de 2015

Guilherme Fontes lança (finalmente) o filme “Chatô – o Rei do Brasil”



Passados 20 anos desde o início de sua filmagem, Chatô -  O Rei do Brasil teve a sua primeira exibição na última segunda-feira, 16 de novembro, no Rio de Janeiro. O diretor, Guilherme Fontes, pode mostrar com um misto de orgulho e alívio sua versão final do filme baseado na biografia de Assis Chateaubriand escrita por Fernando Moraes.

E o personagem em questão não é dos mais fáceis. Esse Cidadão Kane tupiniquim, nascido em Umbuzeiro, no Pernambuco, foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil entre as décadas 40 e 60, destacando-se como jornalista, empresário, mecenas e político. Foi também advogado, professor de direito, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
Chateaubriand foi um magnata das comunicações que levou seu empreendimento, chamado de Diários Associados, ao posto de maior conglomerado de mídia da América Latina, com mais de cem jornais, revistas, emissoras de rádio e TV durante seu auge.

Figura polêmica e controversa, admirado, odiado e temido, foi por vezes acusado de falta de ética, por usar o poder da mídia a serviço de projetos pessoais que, por vezes, convergiam com projetos que beneficiavam o Brasil.

Adirson Vasconcelos, presidente do Conselho do Curadores da Fundação Assis Chateaubriand, ressalta o empreendedorismo de Chatô e lembra que ele foi responsável por unir geograficamente o extenso território brasileiro ao fundar jornais nas principais capitais do País.

“O cinema e a internet, que são mídias de grande penetração entre os jovens, têm um dever cívico de retratar a vida e obra de figuras da importantes para a história do Brasil, como Tiradentes, Barão de Mauá, José Bonifácio, Juscelino Kubitschek e o próprio Chatô.” – opina.
O filme entra para a história do cinema brasileiro por conta da já tão falada controversa sobre seu financiamento.  O diretor e produtor Guilherme Fontes afirma que o filme custou o equivalente hoje a R$ 8 milhões, entre dinheiro público arrecadado e o investimento dele próprio, cerca de R$ 3,4 milhões. Fontes iniciou a captação em 1996 e justifica que demorou apenas três anos para captar 80% do filme e 15 anos para captar os 20% restantes.

Em 2008, sob processo instaurado pela Ancine, a produção teve irregularidades apontadas na prestação de contas e Fontes foi condenado pela Controladoria-Geral da União a devolver R$ 36,5 milhões ao Estado. Além da devolução do dinheiro, Fontes foi sentenciado em 2010 a três anos, um mês e seis dias de reclusão por sonegação fiscal – pena convertida em trabalho comunitário e multa.

Ele nega a dívida com o Tribunal de Contas da União e diz que já está recorrendo. Além disso, providenciou um levantamento referente a todas as notícias que saíram nos jornais sobre o filme nos últimos anos e pretende rebater judicialmente a todas as acusações.

O “Chatôgate” é apontado por outros produtores como um aprendizado difícil para a agência, que aumentou os controles fazendo processos muito mais burocráticos na atualidade.

Mas o filme impressionou a crítica especializada pela grandiosidade na tela, dando a sensação que o filme vale cada centavo público gasto em sua produção. Com linguagem inspirada no Tropicalismo, com predominância de cores vibrantes, o filme tem roteiro em não-linear que pode deixar o espectador um tanto confuso, até porque a narrativa mistura fatos históricos com delírios do personagem principal.

Chatô – O Rei do Brasil tem o ator Marco Ricca no papel principal e O elenco também conta com nomes como Andréa Beltrão, Leandra Leal, Letícia Sabatella, Paulo Betti e Eliane Giardini, entre outros. O lançamento inicial de 40 cópias digitais deve ser expandido, mas o filme já está em circuito comercial em São Paulo e Rio de Janeiro.

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