Nocturama

Nocturama se incia com um grupo de jovens, que está circulando pelo metrô e pelas ruas parisienses. Todos os seus movimentos, aparentam, serem cronometrados e a interação entre eles se dá com uma, simples, troca de olhares. Há, desde o primeiro minuto a sensação, de algo marcante irá acontecer, que algo fora arquitetado e que logo algum fato irá alarmar o espectador. Quando tudo se revela, os jovens estão executando um plano, que se baseia na realização de uma série de explosões em Paris. O motivo para isso? Não é revelado. >> Essa crítica foi escrita para a cobertura do Festival do Rio 2016 e clicando aqui, você confere mais textos! Curiosidade sobre Nocturama, que antes se chamaria Paris é uma Festa, é que seu roteiro foi escrito há cerca de cincos anos, antes, mesmo, dos atentados, que iniciaram em janeiro de 2015, ocorrerem. Esse fato impressiona e coloca a película em um patamar ainda mais diferenciado, pois soa atual e especial. Não há qualquer intenção de relacionar os atentados a algum grupo extremista, sendo os jovens, apenas um apanhado de garotos, com diferentes idades, etnias e origens. Não há, também, a intenção de fornecer grandes justificativas as suas ações, sendo lançadas algumas dicas, porém nada que permita uma percepção concreta de ideologia ou algo do gênero. O primeiro ato de Nocturama é primoroso. Um atmosfera de tensão toma conta do ambiente e é com olhos vidrados e frio na barriga que o espectador acompanha o passo a passo dos eventos. Por mais que tudo pareça ter sido minuciosamente ensaiado, não deixa de estar no ar o sentimento de algo que pode dar errado a qualquer momento. A direção consegue muito bem proporcionar essa sensação ao espectador, aliando cortes rápidos, idas e vindas no tempo e uma trilha sonora marcante. Ao término de tudo, os jovens deverão ser encontrar em uma loja de departamento e é quando isso ocorre, que um problema de ritmo toma conta da película, que parece emular, para quem assiste, a mesma angústia de seus personagens, presos durante a madrugada. Há, nesse segundo momento, a presença de algumas críticas interessantes, que são apresentadas em pequenos detalhes, como, por exemplo, o manequim que está com a mesma vestimenta de um dos jovens, demonstrando que por mais que este cometa atos de rebeldia, ele também se encaixa no padrão social consumista. O problema é que isso não é suficiente para continuar obtendo toda a atenção do espectador, que se acostumou com outra proposta. O roteiro passeia pelos personagens e busca aprofundar um pouco suas personalidades. Há o que gosta de música, há o que fez tudo por amor, há o que se veste de mulher. Não deixa de ser divertido, mas não é nada que se possa comparar aos primeiros trinta ou quarenta minutos de Nocturama. O desfecho, por sua vez, recupera o fôlego e comprova o quanto as pessoas mudam no momento de extremo perigo e de total impotência. Não há espaço para negociações, negociar com terrorista não é padrão governamental. A volta do ritmo no final, com cenas pesadas, tensas e carregadas, resgata a atenção do espectador e encerra  Nocturama com chave de ouro, fazendo com que ela, mesmo com alguns problemas, seja impressionante. Nota do CD: 4 out of 5 stars Sinopse: O filme vai acompanhar um grupo de jovens terroristas que coloca uma série de bombas em Paris e que se refugia numa loja da capital francesa onde assiste à consequência dos seus atos. Em declarações, o cineasta afirmou que a sua obra “seria mais um filme de ação do que sobre os tempos que vivemos”. Todos os terroristas em cena terão entre os 18 e 21 anos, sendo interpretados por atores não profissionais e de diferentes origens sociais. Ainda de acordo com as palavras do realizador, pretende-se evitar a estigmatização do gênero “é dos subúrbios” ou “é Islâmico”. Ficha Técnica: Título: Nocturama Ano: 2016 Direção: Bertrand Bonello Duração: 130 minutos Classificação Gênero : Thriller Países de Origem :França