sábado, 22 de outubro de 2016

É Apenas o Fim do Mundo

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Adaptação da peça, escrita por Jean-Luc Lagarce, o novo trabalho do, prodígio, diretor canadense, de 27 anos, Xavier Dolan, é uma produção no mínimo contraditória. O diretor, vencedor do prêmio do júri em Cannes, em 2014, por Mommy, viu seu longa, É Apenas o Fim do Mundo, ser vaiado após a exibição, deste ano, no festival francês, mas ainda assim foi premiado, com o Grande Prêmio do Júri. Produção presente, também, no Festival do Rio deste ano, dividiu opiniões deixando uma legião de satisfeitos, mas outra, tão grande quanto, de decepcionados. A trama, que não apresenta muito rodeios, gira em torno de Louis, um escritor renomado, que resolve visitar a família, depois de 12 anos distante, com a missão de lhes contar que está a beira da morte. O longa retrata o reencontro dele com os outros membros da família em um único dia, onde haverá uma refeição em família e, logo, uma nova despedida.

Apesar de não ser a produção, que promete, há muito o que de se destacar da direção de Xavier Dolan. É Apenas o Fim do Mundo  poderia, muito bem, ser um trabalho simples ao adaptar uma peça, assim como Roman Polanski fez em O Deus da Carnificina, porém, Dolan resolveu arriscar e promoveu um jogo de cortes e montagens extremamente clínicas, capazes de fornecer total orientação de espaço ao espectador. Há muitos eventos ocorrendo simultaneamente em um mesmo ambiente. Os membros da família realizam seus debates, fervorosos, em diversos pontos da casa, o som entrecruzado é percebido por todos lados, e, ainda assim, é possível saber exatamente aonde cada um dos personagens está posicionado. Mãos menos habilidosas, com certeza, teriam grandes chances de fracasso.

Diferente do que se imagina ao ler a sinopse da trama, a obra não apela para o lado emocional e nem mesmo chega a introduzi-lo na película. O que se dispõe em É Apenas o Fim do Mundo são diversas discussões e, bastante, gritaria. Cada um dos membros tem o seu momento de destaque e, ocasionalmente, acusa o protagonista de alguma falha, que tenha cometido ao longa da vida. Esse, por sua vez, nunca retruca e nunca responde, demonstrando fraqueza, não somente para falar o que tinha a dizer, como também para rebater algumas das críticas que tenha recebido. A fotografia atua o tempo todo com closes nos rostos dos personagens, como se fizesse a questão de transmitir o sentimento com o olhar. Esse trabalho fotográfico, aliado ao trabalho de direção são, na verdade, os grandes atrativos do filme, que não consegue evoluir na trama e não consegue render texto suficiente para que o elenco estrelado, formado por Léa Seydoux (Azul é a Cor Mais Quente), Marion Cotillard (A Origem), Vincent Cassel (Cisne Negro), Nathalie Baye e Gaspard Ullie consigam se destacar.

O primor técnico de É Apenas o Fim do mundo, faz dela uma produção acima da média, porém falta conteúdo e carisma. Nenhuma vertente do roteiro é tratada com sutileza e é muito complicado, para o espectador, permanecer sempre entretido por barracos promovidos por debates de uma família com tantas opiniões e perfis divergentes.

Nota do CD:
3 out of 5 stars


Sinopse: Longe de casa há doze anos, o escritor Louis (Gaspard Ulliel) vai ao encontro da mãe, da irmã, do irmão e da cunhada para informá-los que irá morrer em breve. No entanto, o roteiro da curta reunião, idealizado por Louis, sairá de seu controle assim que as mágoas, as memórias, as brigas e as lágrimas do passado começarem a ressurgir entre a família.

Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Direção: Xavier Dolan
Roteiro: Xavier Dolan
Elenco: Gaspard Ulliel, Léa Seydoux, Marion Cotillard, Nathalie Baye, Vincent Cassel
Produção: Michel Merkt, Nancy Grant, Nathanaël Karmitz, Sylvain Corbeil, Xavier Dolan
Fotografia: André Turpin
Montador: Xavier Dolan
Trilha Sonora: Gabriel Yared
Duração: 97 min.
Ano: 2016
País: França
Cor: Colorido
Distribuidora: Califórnia Filmes
Estúdio: MK2 Productions / Sons of Manual / Téléfilm Canada

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