segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Dominion

" DOMINION " Photo by Philippe Bosse

O bom de estar no Festival do Rio 2016 é ter a oportunidade de conferir produções que nem sabemos se um dia chegará ao país. Dominionganhou meu apresso quando Steven Bernstein, conhecido pelos trabalhos diretor fotográfico, mas aqui diretor e escritor do filme, nos contou a dificuldade que teve para trazer ao público uma película cujo o roteiro escreveu há muito tempo, mas que somente conseguiu algum investimento há 3 anos e que nos últimos 18 meses se dedicou para realizá-lo, mesmo sem a certeza se conseguiria terminá-lo pela falta de dinheiro recorrente. Foi com os olhos lacrimejando que ele desceu do palco do Cinema Odeon e se iniciou a sessão.

O longa segue a vida de Dylan Thomas, um poeta do País de Gales, que nos anos 50 realizou excursões pelos Estados Unidos e foi idolatrado por estudantes das mais diversas universidades americanas. Thomas era uma celebridade e assim como muitas delas, não conseguiu resistir a pressão de estar longe de casa, de ter que dar satisfações de sua vida pessoal e descambou para problemas com o alcoolismo. Sua história mais famosa foi o dia em que bebeu 18 doses de uísque no bar White Horse, em Nova York e este é o grande retrato de Dominion.

Dominion começa em um ritmo muitíssimo interessante e somos apresentados ao personagem em linhas atemporais e através de três histórias que se entrelaçam. Acompanhamos sua turnê e conhecemos seu trabalho como poeta, acompanhamos sua relação com a esposa e seu tratamento com a família e acompanhamos o fatídico dia em que bebeu as 18 duplas de uísque. O roteiro ganha muito pontos na primeira hora de filme, mas em seu desfecho, quando as tramas se encontram, perde força e se torna cansativo e transmitindo um enorme sentimento de que poderia ter sido finalizado mais cedo. A ideia de batizar cada uma das doses consegue prender a atenção do espectador, mas confesso que depois do 12º batismo já estava conferindo no relógio quanto tempo mais levaria de sessão.

Destaco a grandiosa atuação de Rhys Ifans. O ator está magnífico no papel do personagem principal e vai enlouquecendo de maneira intensa a cada nova dose que toma. Sua entonação na declamação das poesias também é marcante e a entrega é digna de aplausos. Dominion ainda conta com a presença de Rodrigo Santoro no papel de um Barman, que só possui uma grande cena  já aos quarenta e cinco do segundo tempo e quando já estava cansado mentalmente do filme.

Steven Bernstein contou no palco, também, que John Malkoich o escreveu uma carta dizendo nunca ter participado de uma produção com tantas falas e palavras. Esse conselho amigo poderia ter dado ao diretor a ideia de reduzir o tempo e não deixar o ritmo cair. Queria muito ter gostado mais do filme por sua história, mas sai da sessão com a certeza de que poderia ter economizado no mínimo uma hora de projeção para ser algo acima da média.

Nota do CD:
2.5 out of 5 stars


Sinpose: O poeta Dylan Thomas era adorado, assim como sua poesia. Quando ele excursionou três vezes pelos EUA, no anos 1950, houve muita gritaria e desmaios. Ele também viveu a rotina típica de um rock star, especialmente com relação à bebida. Isso só o deixava mais atraente. Um dia em 1953, ele bebeu 18 doses duplas de uísque na taverna White Horse, em Nova York. Ele disse: “Isso deve ser algum tipo de recorde” e entrou em coma. Ele tinha 39 anos. Este filme é uma recriação do que teria acontecido naquelas últimas horas na White Horse e o que teria feito este grande homem sair dos trilhos.

Ficha Técnica:
Título no Brasil: Dominion
Título Original: Dominion
Ano Lançamento: 2015
Gênero: Drama
País de Origem: EUA
Duração: 101 minutos
Direção: Steven Bernstein
Elenco: Rodrigo Santoro, John Malkovich, Rhys Ifans, Romola Garai, Zosia Mamet, Tony Hale, Philip Ettinger, Ellen David, Arthur Holden, Jeremy Ferdman.

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