quarta-feira, 20 de julho de 2016

"Jasão e o Velo de Ouro", de Don Chaffey



Jasão e o Velo de Ouro (Jason and the Argonauts – 1963)

Na Grécia antiga, Jasão (Todd Armstrong), no intuito de retomar o trono do reino de Tessália, que lhe é devido por nascimento, parte em busca do Velo de Ouro, o símbolo de que os deuses não abandonaram a cidade. Assim, ele parte em busca de uma equipe corajosa o suficiente para acompanhá-lo em sua missão. 

A trama desse clássico dirigido por Don Chaffey é simples, uma aventura infanto-juvenil defendida por um elenco mediano, com um desfecho em aberto, indicando uma sequência que nunca foi filmada. Sem o elemento Ray Harryhausen nessa equação, provavelmente não seria lembrada pelo público moderno. A técnica de stop motion já era utilizada pelo cinema desde 1898, em “The Humpty Dumpty Circus”, com uma loja onde brinquedos ganhavam vida. Willis O’Brien elevou o nível em “King Kong”, de 1933, mas foi um de seus alunos, Harryhausen, o responsável por aprimorar o efeito a ponto de possibilitar que a indústria ultrapassasse literalmente qualquer fronteira criativa, transformando o recurso em uma ferramenta essencial, inspirando toda uma geração de cineastas, como Tim Burton, Steven Spielberg, Peter Jackson e John Landis. O momento mais lembrado do filme, a batalha contra os esqueletos nascidos dos dentes da hidra, cinco minutos fantásticos que foram homenageados até por Sam Raimi em “Army of Darkness”, foi um divisor de águas em sua época com suas trinta e cinco animações sincronizadas aos movimentos dos atores, o que tomou quase cinco meses de trabalho, mas minha contraparte infantil ficava impressionada na sequência em que o deus marinho Tritão, na força bruta, facilita a passagem da embarcação de Jasão. O gigante de bronze, a hidra e as harpias, estão entre as melhores criações da equipe de Harryhausen.

Esse fazia parte do catálogo mais antigo que passava na "Sessão da Tarde" em meados da década de oitenta, o tipo de história rápida e divertida que combinava perfeitamente com o acompanhamento obrigatório, refrigerante no copo de plástico dos Trapalhões e um prato colorido cheio de salgadinhos da Elma Chips. Ignorando completamente sua importância histórica, eu ficava sonhando em encontrar um Velo de Ouro, olhando para a janela do quarto e imaginando como seria incrível se o gigante Talos atravessasse a rua em frente, com a plena consciência de que a hidra iria perturbar meus pesadelos. A força daquelas imagens, emolduradas pela ótima trilha sonora de Bernard Herrmann, só foram superadas quando eu tive meu primeiro contato com os dinossauros de Spielberg. 

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