quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme: Brooklyn


brookling
O filme dirigido pelo praticamente estreante, John Crowley (Dias Selvagens), chega essa semana, dia 11 de fevereiro aos cinemas e pode despertar certa expectativa no público por ser um dos indicados ao Oscar 2016 de Melhor Filme. Assistindo ao longa, há grande chance de não se entender a razão dessa indicação. A trajetória da irlandesa Ellis rumo aos Estados Unidos não sai do comum, não tem expressividade suficiente para compreender sua elevação ao patamar dos melhores da Academia.
Primeiramente, vê-se uma direção ainda verde de Cowley que opta por signos um tanto óbvios e peca num ritmo que se desenvolve irregularmente. As cores da roupa de Ellis serem vermelha e verde (cores da Irlanda) em sua ida aos Estados Unidos, os tons coloridos no Brooklyn e o frio e nebuloso em sua cidade natal, a diferença entre ela e os seus conterrâneos após sua volta, tudo soa como uma repetição do que já é dito no diálogo e termina dando preguiça de encarar o longa. Além disso, a dinâmica das cenas são truncadas e o espectador pode terminar se distraindo, principalmente, no começo que é bastante lento e desinteressante.
Ao longo da obra, a trajetória da garota vai cativando um pouco e quando chega-se no que parece ser o clímax de toda a trama, um balde de água fria é jogado na plateia e nada mais anda na história. É como se não houvesse algo para ser contado e a proposta de fatia do real, outrora usado pelo Realismo do teatro, viesse aqui nesse filme com uma atmosfera arrastada, com falta de qualquer conflito, tese ou mensagem para se passar.
O cerne do problema de Brooklyn não é o fato de história não ter uma linha narrativa clássica e sim por tratar de maneira superficial conflitos existenciais que poderiam rechear a trama com reflexões, para além da fixação que a obra tem com o amor. Soa como se o garanhão italiano (que não é Rocky Balboa, com o perdão da piada de referência), fosse o “resolvedor” de todos os problemas da protagonista. A mesma ainda diz por carta para sua irmã que poderia falar do emprego, da vida “na América”, mas que o que importava mesmo naquele momento era o seu amor. E se ainda houver a tentativa do argumento de que isso acontece por conta da época em que ela vive, pode-se rebater afirmando que para essa demonstração já existem diversos filmes de amor dos anos 1940 e 1950 que são exatamente iguais à obra de Crowley.
Fora a falta de criatividade e de temática certeira, o filme chamado Brooklyn não mostra a paisagem e a ambientação do local no qual a protagonista se muda para. A maioria dos planos são médios ou fechados, deixando o questionamento da razão do título ser este, criando mais uma expectativa que pode ser frustrada. Talvez colocar algo como América ou sonho americano soasse muito ingênuo ou a tentativa de utilizar o nome do bairro onde quase todos os irlandeses iam morar fosse a intenção. De qualquer forma, independentemente da razão, parece uma infeliz escolha do escritor.
Quando Ellis volta à Irlanda, vê – se um conflito ético da protagonista , ela entra num embate entre desejo x moral. Aí nota-se um despertar da narrativa e uma provocação ao espectador do que é certo numa conduta de alguém casado e isso se fortalece por ser uma mulher. Contudo, nem esse ponto que poderia elevar o longa ao lugar de obra relevante é bem explorado. Rapidamente, quando descoberta, a garota se defende e vai embora, fazendo, assim como o filme, uma fuga de uma questão que poderia ser central na vida dela. Ao frigir dos ovos, há certa sensação de perda de tempo, de não ter visto nada além de um longa superficial que logo será esquecido.
Trailer:
Ficha Técnica:
Título no Brasil: Brooklyn
Título Original: Brooklyn
Ano Lançamento: 2015
Gênero: Drama / Romance
País de Origem: Irlanda / Reino Unido / Canadá
Duração: 111 minutos
Direção: John Crowley
Estreia no Brasil: 11/02/2016
Estúdio/Distribuidora: Paris Filmes
Idade Indicativa: 12 anos
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domhnall Gleeson, Jim Broadbent, Julie Walters, Bríd Brennan, Jane Brennan, Fiona Glascott, Jessica Paré, Eileen O’Higgins, Jenn Murray, Eve Macklin, Mary O’Driscoll, Nora-Jane Noone, Michael Zegen, Paulino Nunes, Gerard Murphy, Emily Bett Rickards.

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