sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Marina Person leva seu primeiro longa de ficção às salas de cinema


 

Marina Person é uma artista multimídia que ainda é mais conhecida como apresentadora de televisão. Claro. Ela foi VJ da MTV Brasil entre 1995 e 2011, apresentou o icônico Metrópolis da TV Cultura de 2012 até 2015.

Só que Marina já atuou e dirigiu no teatro (nas obras PacWoman e Ménage, respectivamente), faz inserções no rádio (CineDrops, na Rádio Eldorado), e ainda tem um programa de culinária no Youtube (Marinando). Mas, seguindo sua formação acadêmica e herança familiar, ela não pode evitar o caminho que a levou a fazer direção de cinema. Formada em Cinema pela ECA e filha diretor de teatro e cineasta Luís Sérgio Person, Marina brilhou atrás das câmeras com um documentário sobre o pai com um tom altamente pessoal.

Person (de 2007)resgata a importância do cineasta, que embora seja reconhecida no meio artístico, ainda não é muito familiar ao grande público. A obra traz a reconstituição da história de Person através da viagem pessoal de sua família, (da própria Marina e da irmã Domingas), e da esposa Regina Jeha. Entrevistando amigos, familiares e pessoas que trabalharam com ele, a diretora explorou algo além de datas e dados biográficos, contando com depoimentos de gente como Eva Wilma, Antunes Filho, Zé do Caixão, Paulo Goulart, Ney Latorraca, Paulo José e Jorge Ben Jor.

Antes disso Marina já havia trabalhado como operadora de som, cinegrafista e diretora em diversos filmes de curta e longa-metragem, como Almoço Executivo, em parceria com Jorge Espírito-Santo, Capitalismo Selvagem, de André Klotzel, e Perfume de Gardênia, de Guilherme de Almeida Prado, entre outros.

Seu mais recente longa, Califórnia, conta a história de Estela (interpretada por Clara Gallo)em primeira pessoa, retratando uma série de perdas, desde a perda da infância (marcada por sua menstruação) até a perda da inocência (com a morte de uma pessoa próxima). Tudo é acompanhado pelas tão importantes amizades e paqueras da vida adolescente epor uma trilha sonora primorosa e bem cuidada, que custou caro em direitos autorais mas que representa perfeitamente a década, com Titãs, Metrô e Kid Abelha, além das canções internacionais.

A diretora, que é abertamente apaixonada por música, conta que emprestou seu gosto musical tanto à personagem principal quanto ao seu par romântico, o misterioso JM (Caio Horowicz). “Eu sempre fui muito fã de David Bowie e Beatles, que são referências da Clara, mas também adoro The Cure e The Smiths, que são os ídolos do JM. Na verdade, todos os vinis que aparecem na loja de discos são da minha coleção particular. Nosso trabalho foi não deixar escapar nada que fosse posterior a 1984”.

O lado menos doce do filme fica pela inserção da problemática da Aids, que apareceu como epidemia na mesma década. “Foi uma geração que iniciou a vida sexual com esse fantasma” – ela reflete.O momento político também é abordado de forma sutil, com um conflito de ideologias entre o pai conservador (Paulo Miklos) e o tio vanguardista (Caio Blat) da personagem principal.

Marina está empenhada na divulgação do filme, que foi exibido em sessões para jovens de escolas da periferia de São Paulo.”No debate pós filme fui questionada se Califórnia não é um filme [burguês]. Mas acho que não se trata disso. Algumas questões independem da classe social ou de onde você vem. A angústia adolescente é a mesma, não importa se você vem da Zona Oeste ou da periferia, dos anos 80 ou 2015. O adolescente se pergunta o tempo inteiro, “qual é o meu lugar no mundo, o que eu vou fazer da vida, o que vai acontecer quando eu for adulto. A Clara me fascinou porque ela aparenta ter um universo interior em turbulência, ela parece que quer dizer algo, mas não consegue. ”

O filme está sendo distribuído pela Vitrine Filmes e entra em circuito comercial no dia 3 de dezembro.

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