quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

“O Brasil Rico” discute sobre o que é riqueza de um país e quais caminhos o país deveria seguir


O que faz um país ser realmente rico? Qual a melhor maneira de balancear isso? PIB ou IDH? Está em cartaz em São Paulo o documentário O Brasil Rico, da diretora Louise Sottomaior. A obra traz entrevistas com ex-presidentes da República, ex-ministros de Estado, empresários e pensadores, numa discussão sobre o que é riqueza de um país e quais caminhos o Brasil deveria seguir para superar seus principais entraves e se tornar um país próspero e bom para todos os brasileiros.

Ao longo do documentário, 36 personalidades como o economista Francis Fukuyama, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o professor Eduardo Giannetti, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, os banqueiros Roberto Setúbal e Pérsio Arida, o jornalista Laurentino Gomes e o historiador Boris Fausto, entre muitos outros, abordam temas como a prosperidade ao longo do tempo; como os países considerados ricos chegaram onde estão; a validade dos índices que medem riqueza; como a prosperidade deveria ser medida; quais objetivos o Brasil deveria perseguir e qual o caminho para atingi-los.
A diretora Louise Sottomaior respondeu perguntas do Tela Brasil por email. Leia abaixo:

Como surgiu a ideia de criar o documentário e como foi o processo de produção?
Especialmente depois de 2013, ficou evidente o aumento do interesse dos brasileiros em tomar em suas mãos as rédeas do seu futuro. As pessoas estavam insatisfeitas, mesmo muito antes de esta crise econômica começar. As manifestações de junho de 2013 evidenciavam apenas que, embora o Brasil ainda fosse o país que estava dando certo, não estava bom. E ninguém sabia exatamente por quê. A partir de então, foi sempre crescente o interesse dos brasileiros por políticas públicas, por economia, por orçamento, por corrupção, por política. Há interesse e descontentamento, sem muita informação, sem muita reflexão, sem muito debate. Acho que, porque o brasileiro nunca foi habituado à democracia. Nós somos novos nesse jogo e ainda não sabemos fazer um debate maduro. Somos um povo um pouco adolescente neste aspecto. Há um claro Fla-Flu, uma dicotomia simplista, um diálogo que se resume em “o meu lado está todo certo e o outro lado está completamente errado”. Na minha opinião, os dois lados estão certos nas insatisfações e estão errados na radicalização e na recusa em ouvir quem pensa (aparentemente) de maneira distinta da sua. Isso tudo despertou uma vontade imensa em estimular o debate sobre os valores dos brasileiros, em descobrir o que o brasileiro realmente quer (o brasileiro quer que o governo provenha tudo, o que é impossível… e ele não soube ainda definir suas prioridades). O intuito do filme é estimular esse debate e chegar ao que é fundamental. Na opinião resumida dos entrevistados: é necessário crescer, assim como é necessário diminuir a desigualdade; é preciso combater a corrupção e investir muitíssimo para aumentar a qualidade da educação; e é necessário que o brasileiro reflita sobre o que quer e participe do processo democrático.

Quais  foram os maiores desafios?
Os desafios foram muitos. O maior deles, pra mim, foi escolher, em meio a 80 horas de entrevistas, os trechos que eram mais relevantes e que mais se conversavam, para conseguir montar uma narrativa que explicitasse o que é considerado fundamental para os entrevistados. E há, claro, os desafios comuns da produção audiovisual brasileira, como captar recursos para a produção. Mas esse é um meio em que as pessoas se ajudam e gostaria de agradecer especialmente à Spcine e ao André Sturm, que estão fazendo um trabalho incrível na ampliação do acesso da população às salas de cinema, além, evidentemente, dos patrocinadores, Santander e CSN. Mais um: convencer as pessoas que não assistiram ao documentário que tentei por anos entrevistar aqueles que lideraram a economia durante os governos petistas. E que não haver no filme o ponto de vista deles é decorrente de uma escolha deles…

 O que mais te surpreendeu no processo de produção e gravação?
Me surpreendeu enxergar que muitos dos grandes pensadores, de concepções socio-políticas diversas, têm a mesmíssima opinião sobre as prioridades para o Brasil. Em primeiríssimo lugar, a importância em se investir para melhorar a qualidade da educação, mas também em aumentar a transparência, reduzir a corrupção, gerenciar melhor o orçamento público… tudo isso como caminho para aumentar a felicidade dos brasileiros. Ou seja, quem reflete e ouve acaba tendo opiniões semelhantes, no final das contas.

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