sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Manchester à Beira Mar

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Apontado como um dos favoritos a, pelo menos, uma indicação entre os melhores filmes do ano, na próxima edição do Oscar, Manchester à Beira Mar não decepciona e faz jus a todo o “barulho” que causou no Festival de Cannes deste ano. O longa, dirigido por Kenneth Lonergan (Conte ComigoMargaret) funciona nos mais diversos aspectos cinematográficos, emocionando o público e o mantendo interessado durante toda a sua projeção.

Manchester à Beira Mar segue os passos de Lee Chandler, um homem amargurado com a vida, com dificuldades de socialização e que fugiu para Boston, onde trabalha como um zelador, na tentativa de deixar para trás questões mal resolvidas de seu passado. Sua estratégia de fuga corria tranquilamente, até que ele se viu obrigado a retornar à Manchester para tratar do funeral de seu irmão e cuidar de seu sobrinho, desamparado desde a morte do pai.

É impressionante o carinho que o diretor emprega ao seu protagonista. Lee tem todas as atitudes antipáticas e é incapaz de demonstrar qualquer tipo de sentimento, mas nada disso impede que haja uma empatia entre ele o público. A curiosidade toma conta de todos para entender o que fez aquele homem se comportar dessa forma, sem um rumo e sem quaisquer perspectivas de futuro, principalmente, quando uma trama, apresentada em paralelo, o  introduz como uma pessoa feliz, interativa e divertida. A interpretação de Casey Affleck (InterestelarRoubo nas Alturas), com certeza, será lembrada também no Oscar. Se torce por seu personagem desde o primeiro momento, e muito está relacionado ao seu trabalho, que varia entre momentos contidos, de repreensão, de explosão e, ao mesmo tempo, é comovente. Esse, por sinal, é o ponto mais positivo de Manchester à Beira Mar.

O roteiro é cuidadoso ao tratar essas linhas atemporais, mostrando o relacionamento entre tio e sobrinho, pais e filhos e entre irmãos de uma maneira muito sutil e delicada. Uma grande prova de sua competência é que, mesmo com pouquíssimo tempo de tela, acredita-se que Joe tenha sido um excelente pai e se permite a Michelle Williams (Oz: Mágico e Poderoso, Sete Dias com Marilyn) a demonstrar seu talento, com uma performance capaz de lhe render uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. O momento mais marcante de Manchester à Beira Mar surge junto com sua personagem. O jovem Lucas Hedges (Moonrise Kingdom, O Grande Hotel de Budapeste) também merece seu destaque, mesmo sendo responsável pela única cena que não funciona e que soa artificial, seu personagem, também, é cativante, é utilizado, algumas vezes, como fuga para o humor, mas, mesmo assim, emprega o peso necessário a trama.

A montagem se beneficia dos adendos do roteiro e, também, deverá ser lembrada em premiações. As mais de duas horas de projeção passam rápido e, mesmo em momentos de absoluto silêncio, Manchester à Beira Mar nunca é cansativo. O desfecho é cuidadoso, bonito e inteligente, sendo realista e condizente com tudo que foi apresentado. Um dos melhores filmes do ano.

Nota do CD:
5 out of 5 stars


Sinopse: Lee Chandler é forçado a retornar para sua cidade natal com o objetivo de tomar conta de seu sobrinho adolescente após o pai do menino, seu irmão, falecer precocemente. Esta volta ficará ainda mais complicada quando Lee enfrentar as razões que o fizeram ir embora e deixar sua família para trás, anos antes.

Ficha Técnica:
Título Original: Manchester by the Sea
País: EUA
Ano: 2016
Dduração: 135 min
Gênero: Drama
Diretor: Kenneth Lonergan
Roteirista: Kenneth Lonergan
Fotografia: Jody Lee Lipes
Montagem: Jennifer Lame
Múscia: Lesley Barber
Figurino: Melissa Toth
Estúdio: The Affleck/Middleton Project, B Story, Big Indie Pictures
Produção: Lauren Beck
Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges, Matthew Broderick, Liam McNeill, C.J. Wilson, Heather Burns, Tate Donovan, Josh Hamilton, Gretchen Mol, Tom Kemp, Mary Mallen

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