sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Resenha de filme: Debi e Lóide 2

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Continuações tardias são sempre complicadas. Geralmente são recebidas com indiferença porque, quanto mais tempo passa, mais as pessoas têm a chance de imaginar “a sequência perfeita” em suas mentes, e aquela que finalmente chega às telas nunca consegue corresponder à antecipação e idealização do publico. No entanto, logo nos primeiros minutos de Debi e Lóide 2, fica claro que os vinte anos que separam esta continuação do seu antecessor parecem não ter passado. Debi (Jeff Daniels) e Lóide (Jim Carrey) estão bem mais velhos, mas continuam tão divertidos quanto na época em que os conhecemos em 1994. E parecem ter ficado ainda mais idiotas.

 

Afinal, o filme começa com Debi visitando Lóide na casa de repouso… onde o ultimo revela que pregou uma peça no primeiro por 20 anos! Depois eles se reúnem e Debi diz a Lóide que precisa de um transplante de rim com urgência. Ambos saem em busca dos parentes de Debi e encontram a famosa Freida Felcher, mencionada no primeiro longa, e não a reconhecem – talvez porque ela seja interpretada por Kathleen Turner, uma atriz que hoje parece completamente diferente da sua época de sex-symbol nos filmes dos anos 1980, e por isso mesmo é difícil reconhecê-la… Turner pelo menos demonstra um grande senso de humor a respeito.

De qualquer maneira, segundo Freida, Debi tem uma filha que foi posta para adoção e os amigos partem à procura dela. A garota, Penny (Rachel Melvin) foi adotada por um cientista, e a esposa deste (Laurie Holden) o trai e pretende vê-lo morto, mas Debi e Lóide interferem e…

Bem, no fim das contas nada disso importa, porque a trama criada pelos diretores Peter e Bobby Farrely e mais quatro (!) roteiristas é de um nonsense total. De fato, a continuação repete a mesma estrutura do original: novamente é um road movie, com Debi e Lóide pegando a estrada numa pequena viagem pelos Estados Unidos e indo de uma situação maluca para a próxima. Vários elementos do primeiro filme reaparecem, como o garotinho cego amante dos pássaros, ou o carro dos heróis com sua cobertura em forma de cachorro. Até a subtrama da dupla sendo ameaçada por perigosos bandidos basicamente repete algumas situações vistas no filme de 1994, e Lóide de novo tem um sonho romântico no meio da história que o coloca, claro, como herói de ação.

E mesmo que o filme perca um pouco de fôlego próximo ao final, os irmãos Farrely tentam de tudo para manter a comédia fluindo. Há desde piadas visuais, como o bandido que se “camufla” e o momento em que Jim Carrey fica com o rosto perigosamente próximo de um cão feroz, até as tradicionais situações escatológicas: Debi é visto trocando as fraldas de Lóide, e depois este tem um hilário encontro com uma velhinha tarada que obriga o personagem a fazer um curioso “trabalho manual” para ela… A encenação dos irmãos Farrely é bem simples e sem sofisticação, assim como a caracterização dos personagens da história, mas essa simplicidade funciona – assim como no primeiro – porque sofisticação não é algo que pertença ao universo destes dois personagens.

 

Mas há também algumas piadas mais sutis, algumas decorrentes do diálogo, como Lóide dizendo que“a idade é uma letra”, ou a referência a Breaking Bad no início do longa. E neste segundo filme, a estranha sexualidade dos dois heróis rende algumas das melhores piadas – apesar de toda a correria para encontrar Penny e de todo o interesse de Lóide por ela, não exatamente vendo-a como a “filha do melhor amigo”, ambos os personagens são bobos e inocentes demais para poder transformar suas fantasias em realidade. Debi e Lóide continuam com uma mentalidade absolutamente infantil, e nunca se tornam irritantes ou esquisitos por causa da química entre Daniels e Carrey, capazes de retornar com facilidade impressionante aos seus papeis.

E o filme quase nunca os olha com superioridade ou condescendência. Claro, às vezes a idiotice de ambos fica clara demais para qualquer um ao seu redor, como na cena em que Debi e Lóide riem da possibilidade de existirem mulheres doutoras, ou quando um deles grita“Mostre seus peitos” para a organizadora de uma conferência. Mas na maior parte do tempo, os Farrely olham com carinho para seus heróis e se colocam no nível deles. Além disso, também o cercam de outros personagens que não são exatamente inteligentes ou nobres. Para os irmãos cineastas, parece haver um pouco do Debi e do Lóide em todo mundo, e a maior proeza de ambos os filmes é nos colocar no “estado mental” dos dois personagens. Por algum tempo, ficar nesse estado pode ser uma experiência muito divertida.



Nota do CD:
3.5 out of 5 stars
Nota dos Leitores:


Ficha Técnica:
Gênero: Comédia
Direção: Bobby Farrelly, Peter Farrelly
Roteiro: Bennett Yellin, Bobby Farrelly, John Morris, Mike Cerrone, Peter Farrelly, Sean Anders
Elenco: Allison de Figueiredo Freitas, Angela Kerecz, Brady Bluhm, Cam Neely, Carly Craig, Dalton E. Gray, Erika Bierman, Erin Allin O’Reilly, Jeff Daniels, Jim Carrey, Kathleen Turner, Lauren Henneberg, Laurie Holden, Matthew Cardarople, Paul Blackthorne, Rachel Melvin, Rob Riggle, Taylor St. Clair
Produção: Bobby Farrelly, Bradley Thomas, Charles B. Wessler, Joey McFarland, Peter Farrelly, Riza Aziz
Fotografia: Matthew F. Leonetti

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