quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O Shaolin do Sertão

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Um tipo de humor que não se encontra mais.
O paulista Mazzaropi começou a sua carreira cinematográfica em 1952, na época fazia muito sucesso e, até hoje, é lembrado como o melhor “caipirinha gente boa” das telas. Seus filmes sempre falavam de preconceito, de política, de ciladas e de namoro de um jeito descompromissado e sempre muito engraçado. Ficou conhecido como Jeca Tatu, o caipira morador da fazenda, voz tímida e baixa, ingênuo, mas com muita esperteza. Durante sua carreira, fez 33 filmes, sendo que o último foi em 1980. Sempre falava que o segredo de seu sucesso era falar a língua do seu povo. O cearense Edmilson Filho (Cine Holliúdy) aos 12 anos começa a praticar kung fu. Aos 17 enveredou para o rumo das artes, fazendo stand up em Fortaleza. Logo depois veio o seu primeiro curta O Astista Contra o Cabra do Mal, virando um longa em 2013, Cine Holliúdy, onde vivia um homem que tinha o sonho de manter o cinema vivo. Agora ele é O Shaolin do Sertão, com humor nonsense corre o risco de ser uma das maiores bilheterias do ano. A maior qualidade de Mazzaropi eEdmilson é a força que eles têm com a massa. O estilo de fazer rir é daqueles que a maioria gosta, agrega da criança ao idoso. É um humor que beira o bobo, mas que é cheio de malemolência e expertise, com personagens cativantes, bastando cinco minutos para serem adorados pelo público.

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Aluízio Li mora em Quixadá, no interior do Ceará, trabalha na padaria, é apaixonado por Anésia, a filha do seu patrão. Vive sonhando em ser um grande lutador de artes marciais. Ninguém acredita que Aluízio possa ter um grande potencial de lutador. Em meio à falta de lutas nas redondezas, um lutador de nome Toni Tora Pleura decide sair nas pequenas cidades e lutar com quem se habilitar a enfrentá-lo. Assim, Aluízio tem a ideia de arrumar um mestre-treinador para lhe mostrar o caminho que deve seguir, com o objetivo de ser um grande lutador.

A grande ideia de O Shaolin do Sertão é unicamente fazer rir. Com roteiro simples, mas com muitas referências aos filmes de karatê, do pupilo ao seu mestre, do protagonista apaixonado pela mocinha, da mãe preocupada com o filho e das ótimas lutas “pastelão” coreografadas ao sonho, quase inatingível, do mocinho. Edmilson Filho, o Shaolin, é tudo aquilo que eu falei no início do texto. É daqueles atores que parecem que não decora o papel, mas que o personagem já está inserido em sua persona, todos acreditam que ele está passando por aquilo, é engraçado por ser engraçado. Se souber escolher os trabalhos poder ser o novo Mazzaropi ou um Didi Mocó dos novos tempos, aliás, os dois bebem da mesma água do Ceará. O elenco que dá suporte para Edmilson é dos mais corretos, tendo Fafy Siqueira e o cantor Falcão com os melhores momentos para brilharem ao lado do protagonista. Ah, sim, o garoto Igor Jansen que faz o Piolho, fiel escudeiro de Shaolin, é um pequeno achado em seu primeiro papel no cinema.

Algumas coisinhas deixam a desejar, como a edição irregular, alguns momentos da montagem e alguns personagens, por exemplo a esposa do prefeito e o homossexual, caricatos ao extremo, e a sensação de que já vimos a piada mais de uma vez, mas tudo isso é bem pequeno no meio dos momentos hilariantes que passamos com todo o “cearensês” que, de início, soa estranho, mas que minutos depois já estamos familiarizados com aquele pedacinho do Brasil, desconhecidos por muitos. E os momentos de sonho de Shaolin, com fotografia estragada, esmaecida, velha, como se fosse filme antigo, cheio de defeitos, são uma das melhores cenas do longa. Assim, o Shaolin do Sertão se sobressai como boa comédia, diferenciando-se de outras não tão inspiradas.

Nota do CD:
3 out of 5 stars

Sinopse: Aluízio Li mora em Quixadá, no interior do Ceará, trabalha na padaria, é apaixonado por Anésia, a filha do seu patrão. Vive sonhando em ser um grande lutador de artes marciais. Ninguém acredita que Aluízio possa ter um grande potencial de lutador. Em meio à falta de lutas nas redondezas, um lutador de nome Toni Tora Pleura decide sair nas pequenas cidades e lutar com quem se habilitar a enfrentá-lo. Assim, Aluízio tem a ideia de arrumar um mestre-treinador para lhe mostrar o caminho que deve seguir, com o objetivo de ser um grande lutador.

Ficha Técnica:Gênero: Comédia
Direção: Halder Gomes
Elenco: Bruna Hamu, Dedé Santana, Edmilson Filho, Fábio Goulart, Fafy Siqueira, Falcão, Frank Menezes, Haroldo Guimarães, Igor Jansen, Karla Kareninna, Lailtinho Brega, Marcos Veras, Tirulipa
Trilha Sonora: Fagner, Leite de Rosas e os Alfazemas, Marcos Lessa
Duração: 100 min.
Ano: 2015
País: Brasil
Cor: Colorido
Estreia: 20/10/2016 (Brasil)
Distribuidora: Downtown Filmes
Estúdio: Globo Filmes / Paramount Pictures / Telecine
Classificação: 12 anos


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