O povo brasileiro faz piada de tudo. E isso não é ruim. Na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, estamos rindo. Tudo é desculpa para rir da desgraça alheia, ou da nossa mesmo. A Taça Jules Rimet foi criada em 1930, feita de ouro e pedras semipreciosas, pesando 3,8 Kg. Na Copa do Mundo de 1970, o Brasil foi campeão, recebendo o prêmio que ficava guardado na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Mas o que muitos não sabiam é que existia uma Taça falsa num cofre e a original era muito mal guardada. Ela foi roubada em 1983 e nunca mais foi achada. Já temos a piada pronta. Já podemos rir novamente da vida real que prega peças, sendo mais engraçada que a ficção.
No filme (e na ficção) temos Peralta, um carioca de seus 40 anos, mora com Dolores, a típica mulher que tem a esperteza nos olhos e o charme no corpo. Cada um joga com as armas que tem. Ela fala frequentemente de casamento de “verdade” para Peralta, pois aquilo que vive não passa de fachada, ela pode até ser recatada e do lar, mas precisa estar casada. Peralta é corretor de imóveis e, nas horas vagas, jogador inveterado. Está devendo uma grande bolada para um credor de fama um tanto marginal. Como amizade e uma boa ideia é tudo nessa vida, ele se junta ao amigo Borracha para roubar a Taça Jules Rimet, guardada apenas por um homem indefeso. Nunca foi tão fácil roubar doce da boca de uma criança. Agora eles precisam transformar a taça em dinheiro. Aí o buraco é mais embaixo.
O Roubo da Taça é permeado como se fosse um grande jogo, em que cada personagem é mais tolo que o outro. Tem o policial, o malandro, o bandido, a mulher do malandro, o amigo do malandro, o argentino contraventor. Todos são tragicômicos. São atores que entenderam o clima da história que iria ser representada. O tom caricato dos malandros, dos bandidos, ou da polícia é essencial e necessário. O humor está inserido, mas não é a base que os move.
O protagonista vivido por Paulo Tiefenthaler, o cozinheiro do Larica Total do Canal Brasil, é um ator que basta olhar para a sua cara e o seu jeito sacana e debochado para a risada estar garantida. O cara é mestre nas caras e bocas. O seu malandro é dos mais manés. Taís Araújo é a maior surpresa do filme. Sua Dolores não é nada vitimizada. Uma mulher prática, esperta e nada vacilona. Ela percebe tudo a sua volta e tira proveito de acordo com seu interesse. Taís tenta diferenciar de suas personagens conhecidas da tv e fica muito bem em cena. Palmas para a sua Dolores. Milhem Cortaz (Tropa de Elite, O Lobo Atrás da Porta) tenta ser o policial durão, mas fraco nas suas ações. Não descobre nada. Descobrem por ele. Mas não é bobo e recebe as palmas. Milhem sempre chama atenção em qualquer elenco, sendo ator que faz a diferença nas histórias.Danilo Grangheia (O Que se Move) faz o Borracha. É um dos mais engraçados do filme. Seu Borracha é tão lento e otário que seria muito fácil a polícia prendê-lo, mesmo uma sem inteligência. E pra fechar com chave de ouro, duas ótimas participações de ninguém menos que Mr. Catra e Leandro Firmino da Hora, o famoso Zé Pequeno, num papel anos luz de distância de seu personagem mais famoso que temos notícia.
As cores, os figurinos e a direção de arte são primorosas, captando a realidade vivida da época. O roteiro sem grandes surpresas e bem previsível, ganha mais forças graças ao seu elenco inspirado e se não fosse a correria nos seus minutos finais tudo ficaria mais fluído. No início de O Roubo da Taça eles avisam que uma boa parte da história realmente aconteceu, ainda bem que falaram, pois cada vez mais a ficção se confunde com a realidade.
3 out of 5 stars
Sinopse: Peralta, um carioca de seus 40 anos, mora com Dolores, a típica mulher que tem a esperteza nos olhos e o charme no corpo. Cada um joga com as armas que tem. Ela fala frequentemente de casamento de “verdade” para Peralta, pois aquilo que vive não passa de fachada, ela pode até ser recatada e do lar, mas precisa estar casada. Peralta é corretor de imóveis e, nas horas vagas, jogador inveterado. Está devendo uma grande bolada para um credor de fama um tanto marginal. Como amizade e uma boa ideia é tudo nessa vida, ele se junta ao amigo Borracha para roubar a Taça Jules Rimet, guardada apenas por um homem indefeso. Nunca foi tão fácil roubar doce da boca de uma criança. Agora eles precisam transformar a taça em dinheiro.
Ficha Técnica:
Direção: Caito Ortiz
Elenco: Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo, Danilo Grangheia, Milhem Cortaz, Stepan Nercessian, Fabio Marcoff, Mr. Catra, Leandro Firmino, Grace Passô, Izak Dahora
Roteiro: Lusa Silvestre e Caito Ortiz
Produzido por: Francesco Civita e Beto Gauss
Produção Executiva: Francesco Civita, Beto Gauss e Camila Groch
Direção de Fotografia: Ralph Strelow
Direção de Arte: Fábio Goldfarb
Montagem: Marcelo Junqueira e Federico Brione
Trilha Sonora Original: INSTITUTO, Duani e Thiago França
Uma produção Prodigo Films
Estúdio: Zentropa Entertainments
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