sábado, 24 de setembro de 2016

Longa de estreia de Frank Moura, “Charlote SP” é o primeiro filme brasileiro gravado com smartphones


A relação entre a personagem Charlote e São Paulo sempre foi efêmera. Mesmo antes de morar em Londres, a modelo, interpretada por Fernanda Coutinho, vivia alheia em uma bolha, uma das inúmeras dores e delícias de ser filha do bem-sucedido empresário Rui (Fernão Lacerda). Como sinaliza o título, o longa Charlote SP gira em torno do reencontro da protagonista com a sua terra natal. Ao se mudar para a capital paulista, ela começa uma jornada de conhecimento: da cidade e dela própria.

Em São Paulo, Charlote se aproxima de Marcelo Scorcesar (Guilherme Leal), um cineasta em início de carreira. A amizade dá início a um projeto de um filme, que é encarado por ela como a oportunidade de mudança profissional e pessoal que tanto procura. Esse aspecto intimista da história se reflete fora das telas.

Dirigido por Frank Moura, Charlote SP foi inspirado na amizade do diretor com Fernanda Coutinho. Antes de ser atriz, ela também trabalhou como modelo na Europa. Outro paralelo, é que o filme marca a primeira ficção do cineasta paulista, que estreou no ultimo dia 22.

A produção foi criativa para superar suas limitações. Sem editais ou patrocínio, o orçamento de R$ 80 mil foi bancado pelo próprio bolso dos realizadores. O baixo custo do projeto só foi possível porque ele foi filmado apenas com telefones celulares, feito inédito no Brasil.

“Tem uma máxima que diz: ‘A necessidade é mãe da invenção’. A ideia surgiu na falta de opção recursos para uma produção convencional. Também não quis arriscar um tempo grande vasculhando editais. Mas isso foi uma escolha pessoal, não vai aqui uma critica quem faz uso dos editais”, conta Frank, que ainda co-assina a produção, o roteiro, direção de fotografia e edição.

Se por um lado filmar com iPhones não garante a mesma qualidade de uma câmera profissional, por outro possibilita uma espontaneidade e liberdade que uma grande produção não conseguiria. O longa de 117 minutos foi gravado em locais como o Centro Cultural São Paulo, a Galeria do Rock e o Teatro Municipal, sem necessitar de pré-produção e da burocracia de um filme tradicional.  Para conter custos, até a casa do diretor acabou servindo de locação.

“Nosso maior desafio não foi técnico ou financeiro, como poderia apontar aqui, porque não foi. A Fernanda perdeu o pai quando estávamos no meio do processo de filmagens. Seria natural que parássemos tudo. E eu já estava convencido disso. Mas ela surpreendeu a todos e quis continuar o nosso projeto. Isso me deu mais confiança e uma responsabilidade ainda maior do que já tinha”, revela o diretor.

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