sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Herança de Sangue

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Não é novidade, a situação de atores, que interpretam a si mesmo. O caso mais clássico é, sem dúvidas, o de Charlie Sheen, que durante anos viveu sua alma gêmea no seriado, de sucesso, Two And a Half Men. Não é, também, novidade, que o ator Mel Gibson (Coração ValenteOs Mercenários 3) passou por diversos problemas pessoais, travou uma luta particular contra o alcoolismo e se envolveu em diversas confusões, como, por exemplo, o áudio vazado em que ele profere expressões racistas com a ex-namorada, a russa Oksana Grigorieva. O astro, que andava sumido ou aparecendo em filmes que fracassaram, reaparece, agora, no longa Herança de Sangue, que foi exibido e bem recebido pela crítica no Festival de Cannes deste ano. Seu personagem, John Link, é um ex-condenado, que, de certa forma, busca sua redenção, mantendo-se distante das drogas, do álcool e da violência. Acreditem, qualquer semelhança, não é mera coincidência.

A trama de Herança de Sangue, segue a jornada de John Link, que está levando uma vida pacata como tatuador e morando em um trailer no deserto. Sua vida muda, quando sua filha, desaparecida a cerca de um ano, o liga pedindo ajuda, pois está sendo perseguida por um cartel de drogas. Link irá tentar a todo custo, e mesmo conscinete da parcela de culpa dela, protegê-la e juntos irão embarcar numa jornada de fuga, que passeia pelos mais esteótipos da califórnia.

Apesar de enxergar muitos pontos positivos em Herança de Sangue e de considerá-lo, de certa forma, um filme B com boa proporção de entretenimento, me incomoda o caminho, extremamente, clichê, que vai se desenhando com o desenrolar dos acontecimentos. O roteiro até tenta fugir um pouco do universo da donzela em fuga, criando uma personagem feminina, que tem plena consciência dos crimes que cometeu e possui força em alguns momentos chave, porém isso tudo acaba ofuscado pela falta de coragem em arriscar da produção. Parece que há uma linha que divide a produção entre o que ela conseguiu alcançar e o quanto um pouquinho mais de audácia poderia tê-la tornado. A relação entre pai e filha seria um ponto a ser melhor explorado, pois é, muito, diferente do que costumamos ver. Não há uma troca de respeito e eles trocam xingamentos com uma naturalidade marcante, que infelizmente vai se esvaindo em um fim totalmente previsível.

Não há dúvidas que a presença de Mel Gibson fez total diferença para o resultado de Herança de Sangue . Mesmo tanto tempo sumido, mesmo distante de Hollywood, seu carisma e talento é algo inegável e é muito fácil a criação da relação entre o público e seu personagem. Se não fosse o desempenho do ator, estaríamos aqui apenas criticando, quando na verdade estamos falando de um filme, que não é ruim, mas que poderia ir muito mais além. Gibson faz crescer até mesmo a atuação de Erin Moriarty (True Detective), que ganha força, apesar de não pussuir o mesmo carisma do seu parceiro de tela.

Acredito que todo o alvoroço causado, por Herança de Sangue, mundo afora tenha sido o fato de termos um ator interpretando a ele mesmo e ressurgindo depois de problemas pessoais. No mais, falamos de um filme, que será esquecido em pouquíssimo tempo, mas que diverte até determinado ponto e se estivermos com preguiça de encontrar algo a mais.


Nota do CD:
2.5 out of 5 stars


Sinopse: Um ex-presidiário precisa retomar a relação com a sua filha para portegê-la de traficantes de droga. No entanto, aos 16 anos, a moça está bastante rebelde.

Ficha Técnica:

Gênero: Ação
Direção: Jean-François Richet
Roteiro: Andrea Berloff, Peter Craig
Elenco: Dale Dickey, Diego Luna, Elisabeth Röhm, Erin Moriarty, Katalina Parrish, Mel Gibson, Michael Parks, Raoul Max Trujillo, Richard Cabral, Ryan Dorsey, Thomas Mann, William H. Macy
Produção: Chris Briggs, Pascal Caucheteux
Fotografia: Robert Gantz
Trilha Sonora: Sven Faulconer
Duração: 98 min.
Ano: 2016

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