sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Cinemateca Brasileira: Centenário Paulo Emílio Sales Gomes



Cinemateca Brasileira: Centenário Paulo Emílio Sales Gomes

Confira as atividades que serão realizadas em comemoração ao centenário de Paulo Emílio Sales Gomes

Neste ano comemora-se o centenário de Paulo Emílio Sales Gomes e uma parceria entre o CINUSP e a Cinemateca Brasileira irá promover eventos por toda a cidade de São Paulo para homenageá-lo com mostras de filmes, palestras, cursos e lançamento de livro e de um hot site. O Sesc São Paulo, através do Centro de Pesquisa e Formação – CPF e do CineSesc, o Itaú Cultural, o Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo, SPUrban e a Mostra Internacional de Cinema integram as comemorações com distintas atividades.
100 Paulo Emílio tem como objetivo problematizar e divulgar a obra do intelectual para um público mais jovem e amplo. As atividades começam já no dia 22 de agosto, com a realização de cursos no Centro de Pesquisa e Formação do SESC – CPF. Entre os cursos estão temas como Crítica de Cinema e Preservação audiovisual. Nos dias 24 e 25 de agosto, um seminário com filmes comentados, palestras e debates sobre os múltiplos aspectos de sua obra no Itaú Cultural, com curadoria de Carlos Augusto Calil.
Dia 1 de setembro, uma mostra de filmes estreia no CineSesc apresentando títulos que foram analisados pelo autor, sempre precedidos por cinejornais produzidos no século XX. São clássicos de diretores como Charles Chaplin, Federico Fellini, Jean Renoir, Humberto Mauro, Sergei Einseinstein e Alexander Dovzhenko, além de raridades de D. W. Griffith e Erich von Stroheim.
A mostra segue com outros clássicos para o CINUSP, com entrada franca. A Cinemateca fará programas especiais a partir do dia 15 de setembro, como as  sessões duplas de filmes que se relacionam com uma ideia defendida por Paulo Emílio em seu artigo Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. O programa “Nossa incompetência criativa em copiar” apresentará filmes como “Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick e “Banana Mecânica”, de Braz Chediak, “Tubarão”, de Steven Spielberg e “Bacalhau”, de Adriano Stuart, entre outros.  A mostra 100 Paulo Emílio apresentará mais de 60 filmes nos próximos meses.
Em novembro, depois de um hiato de 4 anos, a Cinemateca retoma o projeto “Jornada Brasileira do Cinema Silencioso”. A edição de 2016 traz raridades com arrojados acompanhamentos musicais e num foco especial Paulo Emílio, com a exibição de obras ou cineastas que foram analisadas pelo autor como “A Paixão de Joana Darc”, de Dreyer que terá acompanhamento ao vivo da precursão ao vivo do grupo afro Ilu Obá de Min.
O programa Clássicos e raros do nosso cinema também será retomado. Realizada pela primeira vez em 2007, a mostra oferece a possibilidade de uma revisão do cinema brasileiro, jogando luz sobre suas diversas tendências, momentos históricos, gêneros e experiências de produção. Neste contexto, exibiremos novas cópias de raridades como “Capitu” (1968), de Paulo Cesar Saraceni, com roteiro de Paulo Emílio Sales Gomes e Lygia Fagundes Telles, “Argila” (1940), realizado e escrito por Humberto Mauro e protagonizado por Carmen Santos e “Eternamente Pagu” (1988), biografia livre de Patrícia Galvão com direção de Norma Bengell, entre outras pérolas.
No dia 17 de dezembro, data em que Paulo Emílio faria 100 anos, haverá uma comemoração especial na Cinemateca com projeção de filmes. Com estes eventos, o CINUSP e a Cinemateca Brasileira esperam irradiar para as novas gerações a importância do trabalho de Paulo Emílio no desenvolvimento do cinema brasileiro.
Mais informações no hot site www.cinemateca.gov.br/100pauloemilio desenvolvido especialmente para as comemorações, que traz além da programação completa, trechos de filmes, imagens de arquivo, textos inéditos e outros materiais sobre Paulo Emílio e sua obra.

Sobre Paulo Emílio Sales Gomes:

Antes de ser um estudioso do cinema com reconhecimento internacional, Paulo Emílio dedicou-se à militância no Partido Comunista e já tratava a atividade cultural como um ato político, interessando-se pelo modernismo e dialogando com Oswald de Andrade no começo da década de 30. Em 1935 foi preso pelo regime de Getúlio Vargas e, depois, exilado em Paris, onde começaria a se interessar por cinema.
Quando voltou ao Brasil, concluiu seus estudos na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e fundou a revista Clima com intelectuais como Antônio Candido e Décio de Almeida Prado. A revista foi extremamente influente ao se voltar para o Brasil, sistematizando e problematizando a cultura nacional.
Em 1946, retorna a Paris e se envolve com os estudos do cinema na agitação do pós-guerra. Interessa-se pelo cineasta Jean Vigo e passa a estudar sua obra e sua breve vida. Seu livro sobre Vigo foi premiado internacionalmente e se tornou um clássico, sendo admirado por François Truffaut.
Ao retornar ao Brasil em 1954, consolida-se como ensaísta e crítico de cinema. Paulo Emílio também criou os cursos de Cinema da USP e da UNB, além de ser um dos fundadores da Cinemateca Brasileira, que considerava como uma verdadeira escola de cineastas. Assim, tem ascendência em toda uma geração, como os realizadores do Cinema Novo e os professores de cinema Jean-Claude Bernadet, Carlos Augusto Calil, Ismail Xavier, entre outros.

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