sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Documentário mostra como a Copa do Mundo de 2014 e a crise financeira interferiram na vida de quatro brasileiros de classes sociais distintas

Futuro Junho é o mais novo documentário da cineasta Maria Augusta Ramos. Lançado em junho em várias salas de cinema do Brasil, o filme tem roteiro que mescla a espontaneidade de um documentário com a estrutura de ficção. A obra faz uma observação antropológica social, econômica e política da contemporaneidade do Brasil, sobre a democracia e as regras legislativas, as explicações didáticas de causas, efeitos e resoluções possíveis da economia. Futuro Junho foi criado depois da crise do mercado financeiro de 2008. Na época, Maria Augusta começou a ler sobre a situação, sobre o crescimento econômico brasileiro e as contradições do Brasil como nação.

Para ilustrar, a cineasta conta como esses fatos interferiram na vida de quatro homens – e demais pessoas dos seus convívios – semanas antes da abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 – evento que muitos criticaram negativamente pelo risco de trazer dívidas profundas ao país e fazer com que o custo de vida do cidadão brasileiro aumentasse consideravelmente: André Perfeito, analista financeiro; Alex Fernandes, metroviário; Anderson dos Anjos, metalúrgico; Alex Cientista, motoboy. São mostradas as utopias e desilusões diante dos desafios que eles têm a cada instante.  O metroviário é sindicalista e luta por melhores condições para a sua categoria de trabalho. Em meio às negociações com o governo, ele é demitido enquanto a esposa está grávida do primeiro filho do casal.

Já o Alex motoboy conseguiu comprar a sonhada casa própria. Para conseguir pagar todas as altas mensalidades da casa, divide as despesas com sua mulher que trabalha como telemarketing enquanto tenta solucionar o tratamento médico de seu filho pequeno, que não tem convênio médico e sofre de epilepsia. A terceira história é do metalúrgico Anderson, que ao lado de seus colegas de trabalho, reivindica um melhor salário. Ao mesmo tempo, quase não convive com a família devido à escala de trabalho na fábrica. O finalista financeiro André Prefeito é o que tem o melhor padrão de vida.

Os espaços se tornam personagens ao refletirem as perfis dos trabalhadores em cena. O ambiente frio do mercado financeiro, o barulho ensurdecedor de uma linha de montagem, o risco das andanças de moto pelo trânsito de São Paulo ou a tensão com as forças policiais durante um movimento grevista dão a tônica do filme.

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