Um dos filmes mais aguardados de 2015, Carol chegou com os cuidados, os mexericos e a bisbilhotice que um filme sobre uma relação entre duas pessoas do mesmo sexo ainda parece ter de trazer. Os trailers, divulgados aos bochechos, foram sendo acompanhados de títulos de notícias sugestivos como "Carol e Therese falam-se pela primeira vez em trailer", "Canal dos Estados Unidos pede que trailer seja editado por causa de nudez" ou (com uma pitada de delírio e muito fermento) "Cate Blanchett e Rooney Mara fazem amor em novo trailer".
Percebe-se o entusiasmo - o último grande filme sobre a relação entre duas mulheres, o francês A Vida de Adèle(2013), foi tão digno na tela quanto foi dignificado pelas reacções do público. Apesar das boas e joviais interpretações das suas protagonistas (Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux), a A Vida de Adèle faltava o que a Carol sobra - maturidade.
Carol começa por ter maturidade na escolha do livro de 1952 em que se inspira (inicialmente intitulado The Price of Salt e depois renomeado Carol, de Patricia Highsmith), escolha essa feita pela muito elogiada (sobretudo pelo realizador e actrizes) argumentista Phyllis Nagy - que esperou 18 anos para fazer este filme. Mais importante do que isso, no entanto, é o facto de esta ter escolhido Todd Haynes como realizador. É ele quem prepara o terreno para que Carol possa atingir tão esplenderosamente a idade adulta - é ele quem filma Rooney Mara (Therese Belivet) e Cate Blanchett (Carol Aird) como quem no-las quer oferecer.
E é nesse momento que Cate Blanchett mais arrebata. Se diz em entrevistas que este foi "um trabalho de paixão de uma equipa", é justo perguntar se essa paixão não começa no momento em que Blanchett levanta o queixo e olha fixamente para Rooney Mara e se não termina no momento em que a actriz lhe devolve o olhar e ela se atrapalha.
É desses momentos de representação - uma coisa quieta, cheia de silêncios, que resultam fáceis numa, como diz àVariety, "criatura do teatro" - que é feito Carol. Em entrevista à Screen Slam, a actriz disse: "O maior presente de trabalhar numa história de Patricia Highsmith é que a vida interior das personagens é muito rica. É ela perceber que todos os adultos têm segredos - e ela coloca as personagens nos anos em que as está a escrever, os anos 50, altura em que as pessoas não confiavam noutras pessoas que tivessem esses segredos."
Veja o trailer.
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