quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

“Reza a Lenda” marca a estreia de Homero Olivetto na direção apostando no gênero roadmovie


Ara é o líder de um bando de motoqueiros armados que acredita em uma antiga lenda capaz de devolver justiça e liberdade ao povo de uma região remota no Nordeste brasileiro. Quando realizam um ousado roubo, acabam despertando a fúria do poderoso Tenório. Agora, Tenório vai concentrar todas as suas forças em uma perseguição para destruir o bando de Ara.

Esta é a sinopse de Reza a Lenda, longa da Ouro21 e Biônica Filmes com co-produção da Globo Filmes e da Paramount Pictures, que estreia em circuito nacional dia 21 de janeiro com distribuição da Imagem Filmes.

Além da máquina do cinema de gênero entre os produtores, a obra tem no elenco Sophie Charlotte e Cauã Reymond, dois atores que sempre aparecem nas listas dos mais sexies do País, o que sempre gera a expectativa de uma grande bilheteria. Não que sucesso de público seja uma prerrogativa para a produção cinematográfica, mas, quando se trata das produções da Globo Filmes, o histórico é favorável. A incógnita é saber como o público brasileiro vai receber uma produção nacional do gênero roadmovie.

O cinema internacional já produziu clássicos do gênero, como Easy Rider (1969), de Dennis Hopper, Mad Max (1979), de George Miller, Thelma & Louise (1991), de Ridley Scott e Paris, Texas (1984), de Wim Wenders. O que esses nomes têm em comum? São todos filmes de ação cuja trama não se passa num lugar fixo, mas em uma estrada que oferece um grande número de locações e conflitos diferentes.

Mas, no Brasil, o gênero foi pouco explorado, apesar de ter representantes memoráveis como Iracema, uma transa amazônica (1976), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna; Bye, byeBrasil (1980), de Cacá Diegues e Cinema, aspirina e urubus (2005), de Marcelo Gomes, Colegas (2013), de Marcelo Galvão. Walter Salles, por exemplo, alavancou o gênero com Central do Brasil (1998), Diários de Motocicleta (2004) e Onthe Road (2012).
Homero Olivetto, Diretor do longa que também fez parte da equipe de roteiristas, acredita que existe uma demanda por filmes do gênero no Brasil “Temos tido respostas positivas de quem viu o trailer”.

As referências do longa vão desde o movimento musical mangue beat, passando por Batman até o filme Baile Perfumado (1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas. “Me inspirei em Lampião, em Antônio Conselheiro, no coronelismo. O problema da seca não é uma questão do futuro. A busca da fé naquela região também não é novidade, mas quis mostrar a mitologia sertaneja como em um faroeste moderno, com uma linguagem pop, pois sempre fui encantado pelo universo das histórias em quadrinhos”. – explica.

Essa é a estreia de Homero na direção de cinema. Acostumado a dirigir filmes publicitários, ele não vê uma diferença necessária na linguagem das duas mídias. “O que poderia ser uma linguagem publicitária? Ser bonito ou bem produzido? Uma das qualidades da propaganda é exatamente buscar referências no cinema. ”

O cineastaressalta que não recriou uma estética para a ficção, e que as roupas dos personagens foram feitas exatamente como as usadas pelos boias frias e trabalhadores da região onde filmaram.

E estética é um ponto importante no gênero. A escritora Márcia Pereira, que se define como “tarada por cinema, pois cinéfilos são chatos”, lembra que a fotografia e a trilha sonora são determinantes para um bom roadmovie. “O gênero é uma possibilidade de viver uma aventura dentro da sala de cinema. São clássicas, por exemplo, as cenas de problemas mecânicos. ”

Ela acredita que mais filmes do tipo poderiam ser produzidos no Brasil, dado que nossas paisagens e as estradas favorecem a boa fotografia. “Queria um roadmovie com mulheres. Somos poucas as que gostam de dirigir off road, mas existimos! ”

Reza a Lenda conta com cerca de 550 efeitos especiais, que incluíram cenas com tiros, explosões e capotamento de carro. Algumas cenas foram filmadas com drones.Em vez de uma câmera solta correndo atrás da ação, o diretor preferiu trabalhar com uma decupagem mais rígida, quase toda através de storyboards e pré-visualizações 3D, com enquadramentos marcados e planejados.

Com tantos investimentos e público cativo, é bem possível que o público brasileiro se encante pela trama rodada nas estradas do Nordeste, e Homero Olivetto faça uma estreia feliz.

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