quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Polêmica do racismo no Oscar



Ppolêmica do racismo no Oscar... Mas, antes de qualquer coisa, afirmo que a real questão importante deveria ser: Quem se importa com Oscar? A premiação televisiva, o show fracamente roteirizado que vive de lobby e precisa de bons índices de audiência, nunca foi parâmetro de qualidade no cinema, apenas para aqueles cinéfilos de final de semana, que colecionam as edições comemorativas em DVD e Blu-ray dos filmes vencedores e compram aqueles livros-guia da moda. Ficar discutindo quem deveria levar a estatueta dourada, a meu ver, é tão desinteressante quanto uma mesa redonda de futebol. E, obviamente, essa polêmica toda comprova a tolice inerente ao evento. O absurdo não é a lista de finalistas com um punhado de brancos, mas, sim, o fato de se criar uma disputa entre um punhado de artistas, defendendo propostas completamente diferentes, objetivando um conceito subjetivo de “melhor”. A festa deveria ser uma celebração emotiva, não uma competição. Dustin Hoffman, em um discurso brilhante, algo também cada vez mais raro, deu uma aula sobre essa questão. Segue o vídeo abaixo:

Bom, dito isso, não costumo dar muita bola para as reclamações do Spike Lee. Caso um dia o racismo seja obliterado da nossa realidade, ele não terá mais assunto. E nas poucas vezes em que tentou abordar temas diferentes, demonstrou completa insegurança. Ele é uma das vozes mais exaltadas nessa polêmica, já disse que não vai comparecer ao evento, mesmo tendo recebido no ano passado um prêmio honorário pelo conjunto de obra. Opinião bem pessoal, sem misturar o lado profissional com as atitudes dele enquanto cidadão, eu considero ele um tremendo chato. Quisera ele entregasse melhores filmes, ao invés de aparecer constantemente jogando lenha na fogueira. O caso vai além dele, claro, nomes como Will Smith e Mark Ruffalo também aderiram ao coro. Um pouco de lucidez ajudaria a compreender a tolice de todo esse circo midiático. Esquecendo por um momento do quão hilário é o conceito de selecionar, sei lá, dez artistas em cada categoria, na busca pelo “melhor”, imagine se a Academia começar a se preocupar em agradar todos aqueles que podem vir a reclamar. Teremos então, todo ano, uma lista de dez artistas em cada categoria, com a necessidade social de incluir brancos, negros, representantes do meio-termo, deficientes físicos e estrangeiros. Em um ano onde nenhum ator negro se destacou nos filmes selecionados, vale compensar incluindo dois latinos? Como manter um mínimo de credibilidade no julgamento (ainda praticando aquele suspender da descrença), quando há várias regras não oficiais que fogem dos méritos de qualidade artística? É uma grande bobagem, estimulada, não seja ingênuo, por impulsos egocêntricos. Os artistas de Hollywood, assim como os nossos globais ativistas de butique, estão mais preocupados com seus próprios salários.

A representatividade da mulher na indústria, o fato vergonhoso das atrizes ainda ganharem menos financeiramente que os homens, isso sim é um problema sério que precisa ser discutido. E, veja só, as mulheres nunca foram esnobadas pelo Oscar, sempre houve a categoria “Melhor Atriz”, com toda a pompa do red carpet e os vestidos analisados, o que não impediu que elas fossem desrespeitadas profissionalmente todos esses anos. Ter mais negros dentre os indicados nas premiações, quando não for algo conquistado por mérito, não ajudará a melhorar o problema do racismo na indústria. O respeito não nasce com sistema de cotas, por mais bem intencionada que a medida seja. Antes de abraçar a euforia midiática, questione, estude, pratique a lucidez. E, finalizando, uma sugestão sincera, por gentileza, pare de reduzir a beleza do cinema a esse anual show pirotécnico vazio e pouquíssimo inspirado. Oscar, Globo de Ouro e Os Melhores do Ano do Faustão, tudo farinha do mesmo saco. Deixe de lado a empoeirada coleção de vencedores e vá conhecer as filmografias completas dos cineastas que nunca foram valorizados nessas premiações. Seja um cinéfilo, não um viciado em jogos. Ah, e sobre o racismo no Oscar? Prefiro ver negros e brancos nos sebos, nas bibliotecas, buscando sempre o autoaprimoramento. Somente assim, com educação e senso crítico, teremos uma sociedade livre do racismo. Um negro a mais ou a menos na tola festa anual de Hollywood não vai mudar absolutamente nada... 

Nenhum comentário: