Depois da tentativa fracassada de seguir uma tipologia de circuito alternativo de cinema, que foi o filme O Palhaço de Selton Mello, vem uma nova esperança talvez, para o cinema brasileiro se inserir no mercado. Um mercado que fuja da tendência e do gênero de Blockbuster/Comédia tipo novela da Globo. Essa nova esperança é o filme: Entre Abelhas.
Destaco aqui que “uma nova esperança” não o classifica como um filme perfeito ou inteiramente bom. Ainda tem muito o que se caminhar para conquistar um espaço mais variado e reconhecido no mercado cinematográfico. O filme traz uma proposta que está tentando se solidificar ainda mais no mercado nacional, o lançamento de filmes com abordagens mais dramáticas e trágico-cômicas.
Entre Abelhas conta uma história de uma história. Bruno (interpretado por Fábio Porchat) está no desenvolver de uma depressão com o fim de seu casamento. Tal evento desencadeia uma possível “doença” a qual o leva a não enxergar, pouco a pouco, as pessoas ao seu redor. O nome Entre Abelhascasa uma relação com a natureza, com o ‘sumiço das abelhas africanas’, creio mais, ser uma apologia, talvez até uma metáfora, para os problemas que nos fragilizam ao decorrer da vida e as pessoas que “esquecemos” em nossas jornadas pessoais.
Ao desenvolver da história e com o sumiço gradual das pessoas ao seu redor, Bruno tenta sem sucesso buscar uma justificativa racional para o irracional com o auxílio de um psiquiatra. Todo o acompanhar dessa tragédia, meio que cômica, nos provoca uma sensação de vazio ao decorrer do filme, pois a medida que o protagonista se perde em sua tristeza e deixa de enxergar personagens mais próximos, nós perdemos o link de conexão com os mesmos, ficando assim, num vácuo quanto ao rumo que seus problemas ou vidas tomarão.
Ainda com o humor típico brasileiro, adaptado ao formato piadista “Porchat” de ser, o filme consegue equilibrar bem momentos de angústia, tristeza e doses de comédia. A medida que adentramos no universo do personagem, tais como seus conflitos pessoais, ambiente de trabalho e vida social, aguardamos de forma ansiosa por um recurso que elimine o problema de uma vez, como se uma solução fosse se apresentar muito em breve para resolver todos os problemas gerados pelo “sumiço” das pessoas.
É de se esperar um filme com piadas escrachadas, devido à presença forte do elenco do canal Porta dos Fundos e Parafernalha. O começo do filme se desenvolve de forma simples e cômica, a todo o momento temos a sensação que bruno (protagonista) retornará à “essência Porchat de ser”. Contudo, isto não ocorre: Porchat sustenta perfeitamente o personagem cabisbaixo que passa por uma separação um tanto traumatizante.
O filme se sustenta em termos de qualidade cinematográfica, destaque para a trilha sonora, que foi de importante papel para o despertar das sutis sensações diárias que acompanhamos com o protagonista, juntamente com a qualidade dos planos e da própria edição, que trabalhavam boas cenas sem qualquer tipo de auxilio cinematográfico (como computação gráfica, por exemplo). Cenas da cidade completamente vazia, regiões com pessoas “desaparecendo” apenas com o sutil mover da câmera e outros exemplos, enriqueceram o filme em sua estética e qualidade de produção.
Dirigido por Ian SBF e com o roteiro desenvolvido pelo mesmo em conjunto com o próprio Fábio Porchat (Meu Passado Me Condena), o filme Entre Abelhas merece destaque como uma produção nacional bem pensada e executada.
Nota do CD:
4 out of 5 stars
Nota dos Leitores:
Ficha Técnica:
Título no Brasil: Entre Abelhas
Ano de Lançamento: 2015
Gênero: Comédia/ Drama/ Fantasia
País de Origem: Brasil
Duração: 99 minutos
Direção: Ian SBF
Estreia no Brasil: 30/04/ 2015
Elenco: Fábio Porchat, Giovanna Lancellotti, Marcos Veras, Irene Ravache, Letícia Lima, Marcelo Valle, Luis Lobianco,Sílvio Matos
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