segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ambientado no Deserto do Atacama, “Romance Policial” chega aos cinemas


“Quando ela o beijou, ele perdeu a noção do tempo. A mulher tinha entrado na sua carne”. As palavras, cuidadosamente guardadas num caderninho de bolso, poderiam render um bom começo de conto. Diante do horizonte infinito do Deserto do Atacama, Antonio rabisca em busca de inspiração para escrever um romance.

De tão marcante, a paisagem é quase personagem de Romance Policial, novo longa Jorge Durán que chega às telas no próximo dia 4 de junho. Daniel de Oliveira interpreta Antônio, que persegue a criatividade e encontra muito mais: depois de se envolver em um assassinato, conhece a bela e misteriosa Florência (Daniela Ramirez), com quem inicia uma perigosa relação. O suspense e a tensão acompanham o personagem, que se vê completamente imerso em um enigma local.

O longa é o primeiro filmado na terra Natal de Durán, que deixou o Chile em 1973 motivado pelo regime militar. O cineasta, radicado no Brasil desde então, assina direção e roteiro de Romance Policial, rodado no povoado de San Pedro de Atacama. É um mergulho em um gênero pouco explorado no cinema nacional: o suspense, e marca mais uma parceria com Luís Abramo, diretor de fotografia dos dois últimos longas do cineasta: Proibido Proibir (2006) e Não Se Pode Viver Sem Amor (2010).

Além de Daniel de Oliveira, que passou três meses morando em Buenos Aires para aperfeiçoar o idioma espanhol, o elenco conta com os chilenos Daniela Ramirez, Alvaro Rudolphy e Roxana Campos.  Rudolphy e Roxana foram premiados no Festival Cine PE 2014 com os prêmios de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante.

Antes da estreia, Romance Policial será tema do projeto Folha Documenta, na próxima terça-feira (2), no Espaço Itaú de Cinema. A conversa gira em torno da produção de cinema de gênero no Brasil e contará com a presença do diretor Jorge Durán, do ator Daniel de Oliveira e do produtor Gabriel Durán, com mediação do repórter Silas Martí.

Percurso

Radicado no Brasil desde 1973, o chileno Jorge Durán é um cineasta que faz parte da história do cinema brasileiro. Foi roteirista de clássicos nacionais, como Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) e O Beijo da Mulher-Aranha (1984), os três dirigidos por Hector Babenco, Gaijin (1980), Como Nascem os Anjos (1996) e muitos outros.

Como diretor de longa-metragem, estreou em A Cor do Seu Destino (1986), que integrou a mostra Panorama do Festival de Berlim em 1986 e ganhou os principais prêmios no Festival de Brasília do mesmo ano; “Proibido Proibir” (2006) recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles melhor filme nos festivais de Biarritz, Viña del Mar, Cartagena e Bogotá, além do prêmio especial do júri em Havana e melhor diretor em Huelva; Não se Pode Viver Sem Amor (2009), que concorreu no Festival Internacional de Guadalajara e levou os prêmios de melhor atriz, roteiro e fotografia no Festival de Gramado de 2010.

Nenhum comentário: