Uma adolescente que desenvolve anorexia nervosa e uma história que se passa nas cidades de São Paulo e Londres, nos anos 90. Esse é o tema do longa-metragem Diário de Viagem (Butterfly Diariesem inglês), da diretora brasileira Paula Kim, selecionada para a 11ª edição do Atelier do Cinéfoundation, do Festival de Cannes. É a primeira vez de Paula no Festival e a primeira vez do Brasil no Atelier.
O projeto integra a programação do Festival de Cannes desde 2005 e foi criada para divulgar novas gerações de cineastas em todo mundo, a fim de facilitar a integração entre produtores de vários países e possibilita mais coproduções internacionais. A cada ano, o projeto seleciona cerca de 15 projetos de longa-metragem de todo o mundo e convida os diretores para participar do Festival de Cannes, com o intuito de colocá-los em contato com profissionais de cinema. Em 2015, ao lado do Brasil, figuram também projetos da Espanha (único país com dois diretores), Colômbia, França, Itália, Grécia, Hungria, Romênia, Turquia, África do Sul, Sri Lanka, Cingapura e Mianmar.
Paula conta que em 2010 foi chamada para a entrevista do programa de Residência do Cinéfondation, em Paris, com o argumento do filme Diário de Viagem. “Eles entrevistaram oito pessoas e cortaram duas, na época. Eu fui uma dessas cortadas. A entrevista da residência foi um processo seletivo. O Atelier não. É por convite, aí você manda o que eles pedem ‘sem compromisso’ e esquece, para não morrer de ansiedade”, brinca. E em 2015 veio a surpresa, de algo que, na verdade, nunca foi esquecido.
A vontade de falar sobre um assunto tão delicado teve inspirações de muitas pessoas e fatores. “A ideia surgiu da questão do feminino e do mundo atual. Essa história de que a pessoa tem que se aceitar para que os outros aceitem ela numa sociedade extremamente capitalista e consumista. Eu realmente quero fazer um filme do gênero coming of age, que ultrapassasse as barreiras da adolescência”, revela. ”Coming-of-age” é uma nomenclatura dada a filmes de gênero que abordam o amadurecimento pelo qual os jovens passam.
A cineasta paulistana, filha de imigrantes sul-coreanos, agora se prepara para uma semana intensa de trabalho na França. O Festival será realizado entre os dias 13 e 24 de maio e entre os dias 15 e 21, Paula e a produtora Diana Almeida (da Lacuna Filmes, de Hoje eu quero volta sozinho) participarão – ao lado dos diretores e respectivos produtores – de eventos e encontros importantes para que conheçam possíveis sócios para venda, coprodução e distribuição. A expectativa de Paula é a melhor possível, uma vez que as oficinas já possibilitaram o desenvolvimento de 156 projetos, sendo 103 deles concluídos e exibidos nos cinemas. O momento agora é o de captar recursos, pois ainda falta 80% do financiamento para filmar: “O projeto precisa de investimento. E um coprodutor europeu que também se envolva com a história. O roteiro está pronto e a coprodução da Sam Ka Pur filmes [produtora de Paula] com a Lacuna filmes está firmada. Temos distribuição nacional, empresa de finalização, produtora de efeitos e cerca de 20% do financiamento assegurado”, explica.
Para acessar a lista completa de projetos e diretores selecionados para o Atelier do Conéfondation,clique aqui.
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