A Lei nº 13.006, de junho de 2014, determina: “A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, duas horas mensais.” Esta inclui um parágrafo ao artigo 26 da lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
A obrigatoriedade tem gerado várias discussões que passam pela necessidade da integração do conteúdo para complementar o aprendizado e pela disponibilidade de recursos tecnológicos em sala de aula. “A lei não pode ser implementada de forma vertical. É preciso discutir o cinema na escola com os educadores em processos formativos, onde o diálogo deve ser o indutor do processo. No diálogo irão emergir diversas possibilidades onde o cinema poderá apoiar a aprendizagem”, afirma Carlos Alberto Mendes de Lima, coordenador de núcleo de Educomunicação Nas Ondas do Rádio, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O núcleo promove o curso Cinema na Escola, para os profissionais da Educação da Rede Municipal de Ensino.
Segundo Carlos, a implantação da lei é planejada pela Secretaria Municipal de Educação (SME) de forma que as atividades sejam realizadas de acordo com o Programa de Reorganização Curricular e com os Projetos Político Pedagógicos de cada escola, visando a ampliação dos conhecimentos e a melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos. “No Ciclo Autoral [do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental], por exemplo, as atividades envolvendo a utilização de filmes auxiliam na discussão e aprofundamento dos temas, especialmente ligados aos conteúdos da literatura e da história brasileira”, afirma. Carlos também coloca que as escolas mantêm uma rotina de transmissão de filmes para os alunos como atividade pedagógica. Algumas mantêm projetos de cineclubes – com produções nacionais, filmes sobre Direitos Humanos e produções dos próprios estudantes – como atividade de educação integral.
Exibindo filmes antes e depois da lei – Vilma Nardes Silva Rodrigues, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Roberto Mange, em São Paulo, coloca que usa o cinema em sala de aula faz 25 anos. “Me lembro com carinho de ficar esperando o filme passar para gravar, a conversão para o DVD facilitou muito”, afirma.
A professora, que é também orientadora de informática educativa, que trabalha com as turmas de 4ª a 8ª série, considera importantíssima a linguagem em sala e acredita na lei: “Eu acho que ela [a lei] vem para somar. Bom seria se as pessoas tivessem essa consciência, a linguagem do cinema é muito próxima dessa geração de alunos, muito significativa”.
Vilma ainda exemplifica a exibição de filmes nacionais em sala de aula com O Auto da Compadecida, de Guel Arraes, com o qual trabalhou a questão de identidade. “Na Roberto Mange a maioria dos alunos têm origem nordestina, olhamos para a sua origem.” A professora também afirma que, com o filme, também trabalhou a cultura local e outros pontos como a caatinga, a vegetação. Entre os outros filmes que já usou está Narradores de Javé, de Eliane Caffé, para levantar a importância da escrita, da narrativa.
Sobre a escolha das produções e a exibição do cinema nacional a professora coloca que filme nacional é sempre mais impactante. “O aluno reconhece a língua, o idioma, e depois a sua cultura, seus traços”. Para ela, o professor é mediador e seu papel é escolher temas que vão ao encontro do que está sendo discutido em sala de aula, mesmo assim, às vezes a exibição de filmes na escola está inevitavelmente limitada ao local e aos recursos disponíveis.
Muito antes de a lei ser aprovada, o Portal Tela Brasil já tem a preocupação com o papel do cinema e do audiovisual em sala de aula e com dicas e sugestões para facilitar o caminho para os professores, por isso oferece um material completo de apoio com sugestões de atividades de acordo com a faixa etária, além de incluir as informações técnicas dos filmes, curiosidades e sugestões de links relacionados aos temas trabalhados. Para acessar o material clique aqui!
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