quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cinema como ferramenta didática: “A Lei da Água” e “Uma História de Amor e Fúria” no debate sobre a crise hídrica nas escolas


Como diz a letra de uma conhecida música do cancioneiro popular brasileiro, não é de hoje que o homem convive com a iminência da falta de água e com o “O medo que algum dia o mar também virar sertão”.
A escassez dos recursos hídricos – em estado mais agravado na região Sudeste – é o resultado sórdido de uma equação que não fecha: falta de planejamento público + gestões privadas irresponsáveis e pouco transparentes + ações antrópicas inconsequentes. Em entrevista ao coletivo A Conta D´Água, Vicente Andreu, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), que regula a gestão dos recursos hídricos e o acesso à água, alertou que “Chegamos na beira da irresponsabilidade”, e disse ainda que o tema da água foi muito tempo negligenciada. “É um evento sem precedentes. Segundo, é que a cultura da abundância tirou as questões relativas à água da agenda política”, afirmou.

Daí a importância de levar o assunto para as salas de aula. Dois filmes podem ajudar muito nesse processo. Um deles é o Lei da Água, do diretor André D’Elia. Em formato documentário, o filme relaciona a crise da água ao novo código florestal brasileiro, aprovado no Congresso em 2012. A ideia é ressaltar a importância das florestas para a manutenção e conservação dos recursos hídricos brasileiros. Pouco se diz ou sabe sobre isso, mas a legislação ambiental em impacto direto na quantidade e qualidade da água que chega à população. O filme traz entrevistas com agricultores e mostra casos bem-sucedidos de técnicas agrícolas sustentáveis, estimulando a reflexão sobre a influência das matas sobre a preservação da água e do solo.

Lei da Água, uma coprodução do Cinedelia e a O2 Filmes, e feito em parceria com organizações socioambientais como WWF e Fundação SOS Mata Atlântica, ainda não foi distribuído e está em fase de captação de recursos via crowfunding para chegar até os cinemas. Além disso, a produtora oferece a possibilidade de os interessados se tornarem exibidores. Se a sua escola tem interesse em exibir o filme, basta clicar aqui e preencher o formulário.

Outra forma de abordar a questão da água, dessa vez de uma forma mais lúdica e poética, é o filme Uma História de Amor e Fúria (2013), do diretor Luiz Bolognesi. Com uma linguagem mista de HQ e animação, o longa retrata quatro períodos da História do Brasil, da colonização até um futuro hipotético em 2096, onde acontece uma guerra por água. Não por acaso, o título original pensado pelo diretor era “Rio 2096”. Por se tratar de uma projeção futurista, o filme incita uma série de perguntas sobre o impacto de nossas ações presentes na estabilidade ecológica do planeta, e abre um leque de possibilidades em sala de aula.

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