sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Renata Pinheiro é a diretora do recém-lançado e já aclamado “Amor, Plástico e Barulho”

A diretora pernambucana Renata Pinheiro está em cartaz em sete capitais brasileiras com o primeiro longa-metragem da carreira,Amor, Plástico e Barulho.  O filme conta a história de duas cantoras, uma começando a carreira e outra quase em decadência, e mostra a cena brega de Recife e um pouco dos bastidores do Show Business na periferia da capital. A produção está sendo aclamada pela crítica e já recebeu vários prêmios, como o de Melhor Direção e Melhor Filme na categoria Longa Metragem de Ficção, atribuídos pelo júri técnico, no Brazilian Film Festival, em Toronto, em 2014. Mas antes de começar a carreira, de fato, na sétima arte, e ser diretora de cinema, Renata Pinheiro é uma artista plástica, formada  na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Recém-formada, em meados da década de 90, Renata trabalhava com arte contemporânea, e a presença de muitas mídias diferentes já caracterizava o trabalho da pernambucana.  Logo depois começou uma especialização em instalações na Inglaterra, que, segundo ela, já tinha bastante da linguagem audiovisual. “Quando voltei pro Brasil meu esposo me convidou pra fazer a direção de arte de um curta dele, nos anos 90”, lembra Renata, que ao lado do marido Sérgio Oliveira, dirigiu seu primeiro trabalho, o curta Superbarroco.
Porém, até o primeiro passo autoral e independente ser dado, Renata já desenvolveu cenários para shows, ilustrações para encartes de CD e direção artística de vários videoclipes. Só então começou a desenvolver trabalhos como diretora de arte, sendo convidada para participar de importantes filmes, começando pelo curta Texas Hotel, de Cláudio Assis, em 1999. Depois disso, trabalhou na direção de arte de mais dois filmes do diretor, Amarelo Manga (2002) e Baixio das Bestas (2007), e em Árido Movie(2006), de Lírio Ferreira, ambos pernambucanos. Em 2001 recebeu o prêmio de Melhor Direção de Arte no Festival de Paulínia 2011, por Febre do Rato, também de Cláudio Assis.

Os trabalhos na área foram surgindo naturalmente e as oportunidades aumentando, mas a vontade de criar algo próprio falou mais alto. “Isso estava me causando uma certa frustração, porque eu iniciei uma carreira criando meus projetos em arte, a direção também cria e colabora, mas não é a mesma coisa”, desabafa. Foi nesse período que a vontade de caminhar com as próprias pernas ganhou força. “Eu falei pro Sérgio [Oliveira]: ‘faz um roteiro pra mim, por favor, porque eu quero fazer o meu primeiro filme’. Foi assim, ele até se assustou e me deu o argumento de Superbarroco”, ri e relembra o momento. Assim, por volta de 2008, Renata começou a trabalhar de forma mais autoral e o curta foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes 2009.

Os anos trabalhando como diretora de arte foram importantíssimos para Renata. Segundo ela, foi sua escola de cinema. “Eu comecei já dirigindo, não passei por função de assistente nem nada, só que no começo eu acabava fazendo mais do que devia, mais  do que era mesmo a função”, conta. Como a maioria dos profissionais, os primeiros passos no cinema foram permeados de muita vontade de aprender e de se envolver no máximo de etapas possíveis. “Eu dava muito palpite na decupagem de câmera, eu costumo me envolver muito nos trabalhos”, comenta. E foi se envolvendo muito que aprendeu coisas que nem eram da competência de uma diretora de arte e, com isso, teve mais segurança e experiência para estrear seu primeiro longa-metragem.

Com Amor, Plástico e Barulho recém-lançado comercialmente, Renata já planeja a estreia do próximo trabalho, o longa Açúcar, dirigido em parceria com Sérgio Oliveira. A produção fala sobre  a queda dos engenhos e aborda questões raciais. O filme é rodado no mesmo casarão de engenho da família de Renata e, de acordo com a diretora, apesar de baseado em fatos reais, é uma ficção com elementos que beiram o campo dos sonhos. A estreia está prevista para o segundo semestre de 2015.

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