quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Você é dependente do celular?

Ultimamente, tenho me assustado com a completa dependência que as pessoas adquiriram do celular. Nada contra o uso do aparelho, mas as coisas tomaram uma proporção realmente avassaladora. Andei prestando atenção no mundo à minha volta e estou mesmo preocupada.
Este vício tem nome, e se chama nomofobia, termo criado pelos ingleses para designar a total dependência do aparelho e da internet.
Dois dias na semana eu faço o trajeto para o trabalho à pé, são só duas quadras, e comecei a observar as pessoas que passam por mim. Quase todas o fazem de cabeça baixa, imersas no teclado do celular, mesmo quando caminham ao lado de alguém. No restaurante é a mesma coisa, nas mesas o que mais se vê são aparelhos de celular ao lado dos pratos e um silêncio reinante entre as pessoas sentadas lado a lado.
Hoje vi as fotos de um casamento no face e, mais do que a noiva, o que me chamou a atenção foi ver mais de um convidado, não prestando atenção na cerimônia, mas usando o celular.
Para continuar com minha análise, semana passada eu estive numa sessão da Câmara dos Vereadores do município e fiquei estarrecida ao ver os legisladores, com exceção de três deles, usando o celular sem parar, na cara dura.
Nas escolas é a mesma coisa, ou pior, por se tratar de um público adolescente. Os alunos saem para o intervalo teclando, sentam-se em rodinhas para lanchar e mesmo um ao lado do outro, conversam pelas redes sociais. Pior ainda, numa reunião com pais, a maioria entra com o celular na mão, ligado, a todo momento verificam o aparelho e alguns chegam mesmo a atender o telefone, claro, pedem licença. São os mesmo pais que culpam o celular pelo baixo rendimento escolar do filho.
As pessoas se tornaram tão dependentes que seres como eu que esquecem do aparelho e quando olham tem várias ligações perdidas, ou o deixam esquecido na bolsa, a bateria descarrega e depois não conseguem achar, são praticamente extraterrestres.
O Iphone 6 se tornou o sonho de consumo de 10 entre 10 jovens. Imagino que seja porque através dele poderão se manter conectados o tempo todo, em tempo real e em alto estilo. Dormem com o celular ao lado do travesseiro, acordam com ele na mão, levam para o banheiro, vão para a escola teclando, não enxergam o mundo à sua volta. A maioria destes jovens encaram com horror a possibilidade de ficarem um dia longe do aparelho.
Não jogam "bets" na rua até anoitecer, não brincam com coisas simples como montar um quebra-cabeça, não sentem prazer na convivência como a pessoa que está ao seu lado, jogam xadrez se for no celular, se preocupam mais com a capinha do aparelho do que com responder o bom dia de alguém, mesmo porque não notaram que há mais alguém ao seu lado.
Não exercitam a leitura, livro, aquele de papel, que precisam folhear as páginas como se fossem algo de outro mundo, e, portanto, não interpretam o quem leem, quando leem, escrevem mal, abreviam palavras fora do mundo virtual. E acreditam em tudo que se posta na internet.
Enquanto os jovens de duas décadas atrás – sim foi há pouco tempo – tinham medo de coisas do dia a dia, os de hoje tem medo de perder o celular, ficar sem internet, ou não conseguirem recarregar o aparelho.
Perdeu-se o ato de conversar, o falar, emitir opiniões, rir, o olho no olho. E, penso eu, a vida fora das redes sociais parece estar caminhando para o fim.
by Maria Helena Barbosa
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