quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Resenha de Filme: O Melhor Lance

O Melhor Lance, novo filme do diretor italiano Giuseppe Tornatore se enquadra perfeitamente no universo dos longas metragens, que são interessantes por grande parte de sua projeção, mas que sua longa duração e final extremamente previsível, além de diminuir a importância de cenas outrora apresentadas, impactam diretamente na sensação final do espectador, que passa a considerar que as mais de duas horas dedicadas à obra não valeram tão a pena como o roteiro prometia.
É certo que a presença de um ator como Geoffrey Rush já consegue chamar a atenção dos adoradores da sétima arte e é inegável que o australiano, de voz marcante, mais uma vez entrega um ótimo trabalho e proporciona diversas cenas muito bem conduzidas e intrigantes, com destaque ainda maior para os momentos em close, que não possuem falas, mas cujo os semblantes e trabalho corporal expressam todo o tipo de comunicação necessária para a transmissão da mensagem correta. O elenco de apoio também faz um ótimo trabalho, principalmente Sylvia Hoeks, que tem um papel desafiador de interpretar uma jovem com Agorafobia, que precisa aos poucos aceitar a convivência com estranhos e sobrevive diante do medo de sair de seu quarto. Jim Sturgess e Donald Sutherland sofrem bastante com a falta de aprofundamento de seus personagens, mas mesmo assim conseguem realizar um bom trabalho e cativar o espectador.
A trama gira em torno do personagem Virgil Oldman, um antiquário e leiloeiro, que se utiliza de algumas artimanhas para conseguir adquirir os quadros mais interessantes que avalia e que não gosta muito da presença de outras pessoas, por considerar os seres humanos pessoas não confiáveis. Oldman é um desses solitários, cuja a distração é passar horas e horas observando sua grande coleção de quadros femininos, porém sua vida começa a mudar quando ele aceita avaliar os móveis e objetos de uma antiga mansão, cuja a dona, Claire Ibbetson, é uma pessoa misteriosa e portadora da doença agorafobia. A curiosidade perante sua nova cliente e a possibilidade de ter encontrado um raríssimo autômato construído por um famoso inventor, lhe prendem aquela tarefa ao ponto de sua vida pessoal começar a ser afetada.
Como dito na introdução, o enredo do filme é muito interessante e a sacada do diretor em contar essa história chama a atenção, porém do meio para o final da projeção, o universo da arte e dos leilões é deixado em segundo plano para uma espécie de romance diferente do comum. A partir desse momento a trama começa a perder um pouco o rumo e já não se torna tão interessante quanto antes. O que prende a atenção realmente é o mistério gradativo que gira em torno da personagem feminina da trama e o que aquilo teria haver com os passos dados por Virgil durante toda a sua vida. O problema dessa situação também é simples, pois chega um determinado momento que se torna extremamente previsível o final tão arrebatador prometido pelo diretor.
Apesar dos apesares também é preciso destacar o trabalho técnico do longa. A fotografia é fantástica, os cenários são simplesmente gigantescos dentro do seu universo e é impossível não ficar pelo menos encantando com o universo das obras de arte. A direção de arte é incrível e joga o espectador de corpo e alma no mundo proposto, sabendo catapultar os diversos sentimentos de desprezo, agonia e perseverança dos envolvidos em cena. O trabalho de som também é muito marcante, sendo capaz de elucidar o sentimento do seu protagonista de maneiro sútil nas horas calmas e intensa nos momentos de tensão. A cena de desfecho também é muito marcante e as analogias presentes são muito ricas e capazes até de fazer esquecer a pouco dificuldade para prever o ocorrido.
Em suma, O Melhor Lance, poderia ter sido melhor, mas não deixa de ser uma boa distração. Peca em sua longa duração e na falta de sentido entre os mundos propostos em cena, mas mesmo assim merece um pouco de destaque e atenção.



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