sexta-feira, 17 de outubro de 2014

“Na quebrada” revela lutas e escolhas de jovens que cresceram nas favelas

Baseado em histórias reais de jovens que cresceram em meio à criminalidade e entre armas,Na Quebrada estreia nos cinemas de todo Brasil. O primeiro longa-metragem de Fernando Andrade traz histórias inspiradas na vida de moças e rapazes moradores da periferia de São Paulo, que estudaram no Instituto Criar e tem um grande ponto em comum: todos eles descobrem no cinema um caminho para desafiar seus destinos e transformar a realidade social em que vivem.

Em 2012, o Festival de Veneza exibiu um curta-metragem chamado Cine Rincão, produção de Andrade. A obra foi também a única representante do Brasil na final do festival Your Film Festival, que teve mais de 15 mil inscrições de todo mundo. De acordo com a Andrade, o curta foi realizado para um projeto de arte multimídia de uma revista italiana, que buscava historias de jovens que superaram realidades violentas de conflito armado. “O Cine Rancão conta a história do Paulo Eduardo, que levou um tiro no peito e sobreviveu a uma chacina.”, conta o diretor. Na época, Paulo fazia parte da ONG Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias e decidiu usar o cinema como ferramenta de transformação social. “O Paulo foi pra Veneza comigo e a convite meu foi co-diretor de Na Quebrada”, conta e completa: “Ele foi da primeira turma do Instituto Criar. Decidiu montar um cinema na comunidade onde morava. Pegou uma sala antiga num conjunto habitacional que era todo dominado por traficantes, pediu autorização ao tráfico e fez uma sala de cinema para exibir filmes para toda comunidade”.

Motivados pelo sucesso do curta de Andrade, o Instituto Criar de TV decidiu realizar um longa-metragem sobre os 10 anos de fundação da ONG. Ele conta que a ideia inicial era fazer um documentário, mas.

Além de Paulo Eduardo, mais de 25 alunos e veteranos da ONG foram envolvidos na produção e trabalharam em várias áreas do longa. O longa é protagonizado por Jorge Dias e Domênica Dias, filhos de Mano Brown e o elenco conta com a participação de detentos do grupo de teatroDo Lado de Cá, nas cenas que foram realizadas dentro da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos. Entre as principais dificuldades encontradas, Andrade destaca a maior, que também foi uma das principais características do filme: as locações são todas reais. “Não foi fácil filmar dentro do presídio, especialmente porque tem uma cena em que simulamos uma rebelião lá dentro. Mas foi ótimo. Buscamos fazer mais do que um filme,  queremos que seja mais um instrumento de ação social e de transformação”, acredita.

Nesta quinta estreiam também os longas À queima roupa (de Theresa Jessouroun), Meninos da vila – A magia do Santos (de Kátia Lund) e Sobrevivente urbano (de José Claudio Silva).


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