Tradicionalmente associamos o audiovisual à ficção ou a documentários, mas existe um outro tipo de linguagem, não narrativa, a ser explorada no formato: a arte.
A videoarte é uma forma de expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo em artes visuais. Desde a década de sessenta a videoarte está associada a correntes de vanguarda, pois o barateamento e a difusão do vídeo nesse período incentivam o uso não-comercial desse meio por artistas do mundo todo, principalmente por aqueles que já experimentavam as imagens fotográficas e fílmicas. A linguagem mais conceitual e crítica já foi inclusive incorporada a outras formas de comunicação, como a publicidade e a ficção televisiva, levando essas mídias a um experimentalismo através de passagens menos mecânicas e cansativas, por exemplo. O caráter vanguardista da videoarte não para por aí. Por exemplo, a ideia de não necessitar de um museu para se apresentar uma obra foi algo que a videoarte ajudou a construir junto com as outras expressões artísticas que compartilhavam da ideia conceitualista de arte-vida, como por exemplo as intervenções urbanas. Apesar das controvérsias a respeito das origens da videoarte entre os brasileiros, os estudos costumam apontar Antonio Dias como o primeiro a expor publicamente obras de videoarte - The Illustration of Art – Music Piece, 1971. Nos dias atuais, a videoarte está se encaminhando, para instalações interativas, permitindo uma interação mais contemporânea de proximidade da arte com o público, que pode, inclusive, se tornar o produtor da obra artística. Ao invés da famosa regra “não tocar” dos museus, a videoartepropõe a quebra do paradigma: toque, critique, faça. Júnior Suci, artista plástico contemporâneo, começou ainda na graduação uma pesquisa sobre artes visuais e cinema. Seu trabalho começou com estudos de desenhos em close-up e logo ele buscou no audiovisual a maneira de mostrar suas peças de maneira bidimensional. “No vídeo eu ainda uso a mesma linguagem que uso em desenhos, como a ausência de cor e os planos fechados. Escolho o vídeo quando o tema extrapola o papel. ” – afirma. Suci explica que alguns artistas plásticos executam todo o trabalho, apropriando-se da técnica audiovisual para produzir arte, mas, em seu caso, foi necessário encontrar um parceiro que fizesse isso por ele.“Eu queria uma câmera estática, mas com uma pequena vibração. Como eu uso no vídeo a imagem do meu próprio corpo, não seria possível fazer isso sozinho. As escolhas estéticas e conceituais são todas minhas, mas contei com a parceria do cineasta Thiago Mattos na realização do projeto. ” Outros usos têm sido os vídeos criados para serem exibidos em raves, eventos musicais, webdocumentários, e até mesmo vinhetas de televisão, consagradas primeiramente pelos canais musicais como a MTV e o VH1. A cantora UMA incorpora videoarte em suas apresentações. Vinda das artes visuais, ela já produzia vídeos e vídeo-performances para outras finalidades. “Minha pesquisa principal é voltada ao canto e a fisiologia da voz então decidi trabalhar com colaboradores para a parte visual porque não consigo fazer tudo mas não posso imaginar uma apresentação minha que não tenha o elemento visual incorporado, com a justaposição de mídias gerando essa terceira via de fruição”. Em seu mais recente projeto, UMA usa o material de arquivo do Paço das Artes, um espaço cultural administrado pelo Governo de São Paulo, mesclando seus próprios trabalhos de vídeo que foram produzidos em colaboração com outros artistas. “Na minha próxima performance eu convidei a Paloma Oliveira, que trabalha com videomapping para colaborar comigo. Ela tem todo o material e vai mixar tudo ao vivo, ao som do show. ” – relata. O videomapping, técnica muito usada em apresentações musicais, já está bastante difundido no Brasil, e é possível buscar oficinas específicas para aprender sua execução. |
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Audiovisual ganha espaço no mundo das artes plásticas e na música
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