terça-feira, 22 de maio de 2018

JEAN-LUC GODARD - 10 FILMES ESSENCIAIS


Jean-Luc Godard (1930) é um cineasta francês, um dos principais nomes da Nouvelle Vague que revolucionou a forma de fazer e pensar cinema, no final da década de 50 e nos anos 60. Nascido em Paris, França, no dia 3 de dezembro de 1930, filho de um médico que chefiava uma clínica na Suíça, e neto de banqueiro suíço, passou parte de sua infância e adolescência em Genebra. Licenciou-se em Etimologia na Universidade de Paris.

Em 1950, Godard entrou em contato com André Bazin, François Truffaut, Jacques Rivette, Éric Rohmer e Claude Chabrol, com os quais formaria o núcleo de diretores da Nouvelle Vague do cinema francês, movimento que se propunha renovar a cinematografia e valorizar a direção. Seu primeiro curta foi “Operation Béton” (1955). Depois de vários curtas, assombrou o mundo com o primeiro longa-metragem “Acossado” (1959), rodado com um orçamento baixíssimo, em que adotou inovações narrativas e fez uso de uma câmera de mão rompendo as regras usadas até então. O longa que teve como protagonistas Jean-Paul Belmond e Jean Seberg foi um dos primeiros filmes da Nouvelle Vague.

Por alguns anos, Godard mostrou em seus filmes uma duplicidade existencial como em “Viver a Vida” (1962), “O Pequeno Soldado” (1963) e “O Desprezo” (1963), este baseado um uma história do romancista italiano Alberto Moravia, que marcou seu único filme ortodoxo e comparativamente caro. Gradualmente, os filmes de Jean-Luc Godard foram perdendo seu aspecto dramático e se converteram em um instrumento político e social. São desse período: “Longe do Vietnã” (1967), “Pravda” (1969), um documentário que trata da invasão soviética da Tchecoslováquia, “Vento do Oriente” (1969) e “Até a Vitória” (1970).

Durante a década de 70, Godard dirigiu vários filmes para a televisão. Entre 1980 e 1988, Godard fez também para a televisão a série “Histórias do Cinema”, onde mostra sua personalíssima visão sobre essa arte no século XX. Ainda na década de 80, o trabalho mais notável de Godard foi a trilogia: “Passion” (1982), “Prénom Carmen” (1983) e o polêmico “Je Vous Salue Marie” (1984), que foi proibido no Brasil por fazer uma livre reinterpretação da vida da Virgem Maria.

Jean Luc Godard recebeu vários prêmios, entre eles: “Urso de Ouro”, no Festival de Berlim, por “Alphaville” (1965), “Urso de Prata Especial”, no Festival de Berlim, por “Charlotte et son Jules” (1960), “Urso de Prata de Melhor Diretor”, no Festival de Berlim, por “À Bout de Souffe” (1959), o “Leão de Ouro” do Festival de Veneza, por “Prenome Carmem” (1983”, duas nomeações ao “César”, na categoria de Melhor Filme e de Melhor Realizador, por “Suave Qui Peut” (1979) e “Passion” (1982) e o “Oscar Honorário, em 2010.

Fiquem agora, com seus...



Após roubar um carro em Marselha, Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) ruma para Paris. No caminho mata um policial, que tentou prendê-lo por excesso de velocidade, e em Paris persuade a relutante Patricia Franchisi (Jean Seberg), uma estudante americana com quem se envolveu, para escondê-lo até receber o dinheiro que lhe devem. Michel promete a Patricia que irão juntos para a Itália, no entanto o crime de Michel está nos jornais e agora não há opção. Ele fica escondido no apartamento de Patricia, onde conversam, namoram, ele fala sobre a morte e ela diz que quer ficar grávida dele. 

  • Refilmado como A Força do Amor (1983).
  • Jean-Paul Belmondo ficou impressionado quando percebeu que o filme foi bem recebido entre público e crítica. Após o término das filmagens o ator francês achou o filme tão ruim que achou que o longa nunca deveria ser lançado.
  • No início das filmagens o diretor Jean-Luc Godard ainda não tinha o roteiro concluído, escrevendo cenas no período da manhã para que fossem rodadas mais tarde.
  • O diretor Jean-Luc Godard não tinha dinheiro para comprar um tripé móvel para a câmera. Ele resolveu o problema empurrando o cameraman em cima de uma cadeira com rodinhas. A mesma técnica doi utilizada anteriormente pelo diretor Jean-Pierre Melville nos filmes Le silence de la mer (1949) e Bob le flambeur (1956).


Angela é uma bela jovem que trabalha como stripper numa casa noturna, a Zodiac, e vive com seu amante, o vendedor de livros Émile Récamier.  Seu maior desejo é o de ter um filho mas, toda vez que coloca o assunto para Émile, este não aceita a ideia.  O grande prazer do jovem parece ser estar com sua bicicleta, que ele a usa até dentro do pequeno apartamento onde moram.  Certa noite, ao verificar que se encontra no melhor dia de seu período fértil, ela aguarda ansiosa a chegada de Émile para mais uma investida, já que não está a fim de perder aquela oportunidade.  Ao chegar em casa, depois de mais um exaustivo dia na livraria, Émile não quer outra coisa além de assistir pela TV a um jogo de futebol.

  • Um filme favorito de Joseph Gordon-Levitt, como relatado pelo The New York Times.
  • O personagem de Jean-Paul Belmondo pergunta à Jeanne Moreau (sem créditos) como está "Jules et Jim". "Jules et Jim" foi lançado um após o lançamento de "Uma Mulher é uma Mulher".
  • Primeiro filme colorido de Jean-Luc Godard.


Nana (Anna Karina) é uma jovem que abandona o seu marido e o seu filho para iniciar sua carreira como atriz. Para financiar sua nova vida começa a trabalhar numa loja de discos, mas não ganha muito dinheiro. Como não consegue pagar o aluguel, Nana é expulsa de casa e decide virar prostituta. No primeiro dia que começa a trabalhar na rua, reencontra Yvette (Guylaine Schlumberger), uma velha amiga que lhe confessa que também se prostitui por necessidade. Yvette lhe apresentará a Raoul (Saddy Rebot), que se converterá em seu cafetão. A partir desse momento, Nana irá introduzindo-se progressivamente no mundo da prostituição.

  • O diretor Jean-Luc Godard se inspirou no livro Où en est... la prostitution ? de Marcel Sacotte.
  • O diretor se inspirou no filme Les 11 Fioretti de François d'Assise (1950) de Roberto Rossellini para fazer este filme em quadros, que representam os 12 fragmentos da vida de uma prostituta.
  • O diretor Jean-Luc Godard fez este filme para tentar salvar seu casamento com Anna Karina, mas a atriz não apreciou a montagem final do longa.
  • O diretor Jean-Luc Godard já havia tratado o tema da prostituição em um curta-metragem. Ele continuou utilizando esta temática ao longo da sua filmografia.
  • Nos seus últimos três filmes Jean-Luc Godard contou com a produção de Georges de Beauregard, este é o seu primeiro longa produzido por Pierre Braunberger.
  • Andre S. Labarthe aceitou fazer uma ponta para agradar seu amigo Jean-Luc Godard. Ele aparece de costas na sequencia de abertura do filme.
  • Jean-Luc Godard trabalha com diversos códigos do cinema mudo, como a utilização dos famosos cartazes que anunciam as novas sequencias.
  • Casados na vida real, a atriz Anna Karina e o diretor Jean-Luc Godard trabalham juntos pela terceira vez.


Na Itália uma equipe grava sob direção de Fritz Lang um filme baseado na Odisseia, de Homero. Camille (Brigitte Bardot) é casada com Paul (Michel Piccoli), um escritor que foi contratado pelo produtor americano Jeremy (Jack Palance) para escrever o roteiro por 10 mil dólares. O desprezo de Camille começa quando ela passa a acreditar que o marido tentou vendê-la ao produtor, quando ele insiste para que a bela mulher fique sozinha com Jeremy. Uma série de mal-entendidos faz com que a relação do casal vá se fragmentando.

  • Godard chamou o filme de "a história dos náufragos do mundo ocidental... Que um dia chegaram a uma ilha misteriosa, e que o grande mistério era a inexorável falta de mistério."
  • O produtor Joseph E. Levine insistiu para que Brigitte Bardot fizesse a cena de nudez que abre o filme, dizendo que esse seria o único modo que ele poderia vender um filme que ele odiou.
  • Originalmente Jean-Luc Godard queria que Kim Novak e Frank Sinatra fizessem o casal principal, mas os dois atores recusaram o convite. O produtor Carlo Ponti sugeriu então que sua esposa Sophia Loren e seu frequente par romântico Marcello Mastroianni assumissem os papeis, mas Godard e um filme de grande orçamento.
  • Godard estava muito curioso para saber como era fazer um filme de alto orçamento. Esse mais do que matou sua curiosidade, e ele odiou o processo de fazer o filme.
  • Entre 1959 e 1967, Godard fez 15 filmes, e esse foi o seu sexto.
  • A notável paleta de cores no filme, vermelho, branco e azul, representam as bandeiras da França e dos Estados Unidos.

Arthur (Claude Brasseur), Odile (Anna Karina) e Franz (Sami Frey) formam o triângulo do filme. Franz é um rapaz boa pinta que conhece Odile em uma aula de inglês. Ela vive em Joinville e conta para o jovem que o seu patrão guarda uma fortuna no quarto. Interessado pela grana, Franz resolve falar com seu amigo Arthur, que está devendo dinheiro para o tio. Os dois rapazes vão seduzir a moça e tentar convencê-la a auxiliar no roubo.

  • Diversas cenas nesse filme ganharam destaque: a corrida no Museu do Louvre, em que os personagens tentam estabelecer um record de menor tempo para percorrer todo o museu. Esse recorde é quebrado pelos personagens de Bernardo Bertolucci no filme The dreamers (2003). Em outro momento do filme, os personagens se encontram num bar barulhento e decidem fazer um minuto de silêncio (em realidade, 36 segundos), tempo em que não se escuta absolutamente nada no filme. Nesse mesmo bar, executam a famosa sequência de dança coreografada e sem música (cena que inspirou a Quentin Tarantino e Hal Hartley em seus filmes).

Ferdinand e Marianne, antigos amigos, se reencontram e passam a noite juntos. Marianne prefere chamá-lo de Pierrot. Quando amanhece, um cadáver encontrado no apartamento e uma história meio sinistra sobre uns gangsteres os obrigam a fugir. Depois de muitas loucuras, eles acabam numa praia. Marianne se cansa de tudo, trai Ferdinand com o chefe dos gangsteres e morre por isso. Ferdinand pinta o rosto de azul, amarra explosivos na cabeça, acende o pavio, se arrepende tarde demais.

  • Godard disse que Pierrot Le Fou: "não é realmente um filme, é uma tentativa de cinema. A vida é o assunto, com CinemaScope e cor como seus atributos...Resumidamente, a vida enchendo a tela enquanto uma torneira enche uma banheira que está simultaneamente esvaziando á mesma velocidade."
  • Originalmente, o casal protagonista seria interpretado por Michel Piccoli e Sylvie Vartan.
  • O Demônio das Onze Horas é o 6º filme do diretor Jean-Luc Godard com a atriz Anna Karina.
  • Originalmente, o título do longa era "Le Démon de onze heures".
  • Na época do seu lançamento, o filme foi muito criticado e até mesmo proibido para menores de dezoito anos, por representar uma "anarquia intelectual e moral".


A estranha cidade de Alphaville é o alvo de uma investigação comandada pelo agente Lemmy Caution (Eddie Constantine), que parte para o local após o insucesso de outros agentes na região. Ao chegar à cidade, controlada pelo computador Alpha 60 – que age como um ser onipresente, capaz de ver a tudo e a todos -, o agente parte em busca do professor Von Braun, para convencê-lo a destruir a famosa máquina, que simplesmente aboliu os sentimentos dos habitantes locais. Curiosamente, Caution encontra em seu caminho a jovem Natacha (Anna Karina), filha do professor, que servirá como guia em sua empreitada.

  • Jean-Luc Godard inicialmente queria que Roland Barthes interpretasse o professor von Braun;
  • Apesar de Alphaville ser uma cidade futurista, foram usadas locações de Paris como sets de filmagens;
  • Os professores Heckel e Jeckell são uma homenagem aos pássaros de desenho animado "Heckle and Jeckle", criados por Paul Terry;
  • O verdadeiro nome do professor von Braun, Leonard Nosferatu, é um tributo a Nosferatu (1922);
  • Em 10 de julho de 1970 foi banido de todos os cinemas paquistaneses;
  • Refilmado como Megaville (1990);


Paul tem 21 anos. Tendo acabado de prestar o serviço militar, ele é um jovem tímido, desajeitado, mas preocupado em se integrar, um idealista simpatizante do movimento contra a guerra do Vietnã. ,Seu amigo, Robert, é politicamente engajado, seguro da legitimidade de suas convicções, militante entusiasta que só se acha à vontade com aqueles que, como ele, pretendem mudar o mundo. Madeleine, que deseja tornar-se cantora, tem a mesma idade dos dois rapazes. Ela é um produto perfeito da sociedade de consumo, seguindo cegamente todas as modas e solicitações do meio em que vive. Esses jovens, 'filhos de Marx e da geração Coca-Cola', confrontam-se com os problemas do mundo dos anos anos 60.


Um casal ambicioso e inescrupuloso planeja uma viagem ao interior da França, na tentativa de conseguir uma herança. No meio do caminho, encontra estradas completamente engarrafadas, acidentes automobilísticos graves, personagens de histórias infantis e guerrilheiros. O que se segue é uma constante e complexa reflexão sobre o modo de vida burguês e os contrastes sociais sublinhados pela sociedade de classes.

  • Há alusões ao livro "Histoire de l'oeil" de Georges Bataille ao longo do filme, por exemplo, quando Corrine descreve seu encontro sexual envolvendo o leite e ovos. Além disso, há algumas referências temáticas ao livro, principalmente em relação ao consumismo, desejo e selvageria.
  • Facel era um fabricante francês de automóveis no período de 1954-1964. O carro neste filme é o Facellia, uma versão de carro esporte produzido entre 1960-1963. O Dauphine foi o carro fabricado pela Renault como o sucessor do Renault 4CV de 1956-1967.
  • No intertítulo antes da matança do porco está escrito "Thermidor", que é o nome do mês do calendário revolucionário francês em que Robespierre foi executado.


Em Paris, em um apartamento, cinco jovens estudam o pensamento marxista-maoísta em meio a centenas de manuais vermelhos. Véronique, estudante de filosofia em Nanterre, é a cabeça-pensante do grupo. Para ela, todos os problemas ligados ao modo de pensar e à moral devem ser colocados em termos imediatos  e concretos. Assim, ela cria uma célula comunista que reúne Guillaume, ator que vai aprofundar o caminho que o conduzirá a um teatro verdadeiramente socialista, e Henri, um cientista que trabalha para um instituto de economia. Durante o período de férias, Kirilov, um pintor russo, e Yvonne, uma camponesa que chegou à Paris para trabalhar como faxineira e que terminou na prostituição, juntam-se ao grupo. 

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