quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Passageiros




Jennifer Lawrence e Chris Pratt estrelam a esperada aventura sobre dois passageiros à bordo de uma espaçonave que os transporta para uma nova vida em um novo planeta. A viagem toma uma reviravolta mortal quando suas cápsulas de hibernação os acordam misteriosamente 90 anos antes que atinjam seu destino final. Enquanto Jim e Aurora tentam desvendar o mistério por trás desse defeito, eles começam a se apaixonar um pelo outro… relação que é ameaçada pelo colapso iminente da nave e pela descoberta da verdade por trás do verdadeiro motivo pelo qual eles foram acordados.
Quando nos deparamos com a premissa de Passageiros e vemos o excelente trailer montado para promover o filme, a vontade de assisti-lo é instantânea. Quando se tem no elenco os novos queridinhos de Hollywood Chris Pratt Jennifer Lawrence, era quase certeza que assistiríamos a uma ficção científica completamente humana e sensível. Porém, ao terminar a sessão, o sentimento é de ter visto mais um blockbuster saído de linha de montagem, com uma sensação de perda de chance de ser um filme mais inteligente do que foi apresentado.
Muito diferente do ótimo A Chegada, que induz ser um filme de invasão alienígena, mas na verdade é um longa em que humanos expõem suas dificuldades de comunicação, Passageiros nos leva ao espaço para conviver com duas pessoas que acordaram 90 anos antes do que deveriam, e estão em uma “ilha deserta” espacial. O trailer prometia explicar que existe um motivo para os dois terem acordado antes, mas na verdade não tem. Você termina o filme e percebe que foi enganado.
Com direção de Morten Tyldum, conhecido pelo ótimo O Jogo da Imitação, e escrito por Jon Spaihts de Doutor Estranho e Prometheus, o filme vende que teríamos uma história que se assemelharia com Antes do Amanhecer, porém no espaço, no qual os personagens seriam protagonistas de diálogos existenciais sobre a vida e como é se deparar prisioneiros em uma nave com um quilômetro de extensão. Ao invés disso, os personagens optam em tentar abrir uma porta que não abre, ir ao bar e jogar video-game.
Por um lado, essa é de fato a reação comum de alguém nessa situação. O filme não peca por fugir da realidade quando o assunto é o vazio humano, mas tem ali uma bagagem que permitia explorar muito mais do que foi explorado… aliás, significados mais complexos só são formados se o público ignora a trama e começa imaginar uma situação semelhante à que os personagens viveram no filme.
O roteiro é tão falho que é preciso colocar o personagem de Laurence Fishburne num determinado momento com uma objetivação que poderia muito bem ser resolvida de diversas outras maneiras. A passagem do personagem é injustificável. O drama criado por questões éticas em cima do personagem de Pratt também se faz uma sobra desnecessária no filme. Os personagens já estão com um dilema grande pare resolver no espaço, não é necessário criar mais problemas a eles.
Por outro lado, o filme ainda tenta fazer algumas homenagens ao clássico dos clássicos espaciais, 2001: Uma Odisséia no Espaço. Mesmo que sutil, o filme mostra que bebeu um pouco dessa fonte (mas quase nada… uma gota). Com fotografias interessantes, conseguimos ter a sensação de vazio que os personagens possuem estando sozinhos em uma imensidão, mas suas atitudes são mais voltadas para filmes adolescentes descompromissados do que dois adultos tentando encontrar a solução de um problema. Lembrou muito um filme que vi na infância que era clássico das sessões da tarde, o Construindo uma Carreira no qual dois personagens ficam presos dentro de um mercado brincando com as mercadorias.
Passageiros é um filme que possui uma premissa excelente e que, se reescrito, poderia se transformar em um novo clássico sci-fi, porém observa-se tanta interferência na produção, que nos foi entregue um filme completamente esquecível, repleto de momentos apenas divertidos, sem complexidade alguma e sem significados mais amplos. Quer ser mais do que realmente é, mas passa longe. Vale a pena para ver os dois grandes astros de Holywood juntos em cena, mas nada mais.

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