quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Stonewall – Onde o Orgulho Começou


Sobre preconceitos e igualdade
Um jovem que pretende terminar o ensino médio e planeja entrar para uma faculdade reconhecida. Danny Winters nutre o sonho de futuramente trabalhar na Nasa. Seria mais um filme típico de adolescente em busca de seus objetivos, mas Stonewall – Onde o Orgulho Começou, retrata um período significativo na história para uma parcela expressiva da população mundial. O filme aborda com sensibilidade e realismo a rebelião de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros contra a repressão policial e o preconceito. No final da década de 1960, um grupo começou uma rebelião específica em frente ao bar Stonewall, que chamou à atenção do mundo para a libertação gay e à luta pelos diretos LGBT nos Estados Unidos.

Danny, ainda no interior, não compreende o que sente por outros garotos de sua idade. Confuso, sempre reprime seus sentimentos e até demonstra um sorriso forçado ao ver um filme na escola sobre uma “doença” que pode ser contagiosa. Ele não sabe até que ponto realmente está doente, pois acredita que o sentimento correspondido por Joe Altman (Love) é verdadeiro. Após um encontro escondido, alguns amigos descobrem a relação existente entre os dois e Danny é expulso de casa.

No momento que o garoto inocente do interior chega à Nova York, logo entra em contato com a dura realidade que lhe espera. O preconceito intensificado, a intolerância e, principalmente, a violência policial. Ele é acolhido pelo grupo de garotos que vivem em um único cômodo e dividem as angústias e sofrimentos por simplesmente lutarem para ter seus diretos garantidos como qualquer cidadão.

Os pais de Danny não assinam os papeis necessários para ele poder ser aceito na faculdade de Columbia. A situação fica cada vez pior e o jovem não vê outra alternativa: para ganhar dinheiro precisa fazer programas. O refúgio do grupo é o bar Sotenewall, onde o diretor reúne o protagonista e coadjuvantes. O elenco segura a maior parte do filme, com destaque paraJonny Beauchamp (Nerve – Um Jogo sem Regras)  e Vladimir Alexis (X- Men: Apocalypse) , além, claro, de Ron Perlman (Hellboy), o coadjuvante de luxo que todo diretor gostaria de ter. O trio nos brinda com interpretações cativantes e intensas. Apesar do núcleo de amigos do protagonista beirar o caricato, esse aspecto não enfraquece a trama, pelo contrário, a cada cena, sempre envolve ainda mais o espectador.

Os aspectos mais interessantes de Stonewall são a direção de arte e a fotografia, que trabalhadas em conjunto refletem o aprisionamento de Danny. A paleta de cores mais clara está em destaque quando o adolescente ainda permanece e ao retornar para a cidade natal. Os jantares em família e a escola são retratados com cores mais vivas. A figura da irmã, a personagem mais interessante do filme e que sempre esteve ao lado do irmão é o porto seguro de Danny. Todas as cenas dos personagens são envoltas com paleta de cores claras. Já quando o protagonista está em Nova York, a fotografia é mais escura, o reflexo claro do sofrimento vivido por ele na cidade grande. A direção de arte ressalta o tormento sentimental do personagem. As janelas, persianas e cômodos sempre fechados em uma perfeita alusão à reclusão de Danny.

O que enfraquece consideravelmente a trama é a atuação de Jeremy Irvine (Cavalo de Guerra). Poucos são os momentos em que o espectador sente o sofrimento do protagonista. A interpretação é linear, o ator não consegue transmitir toda a intensidade necessária para Danny. Nos momentos mais intensos, o ator carrega na dramaticidade, nos mais sensíveis, não segura a emoção e perde completamente a proposta do personagem. Uma pena, pois um papel com várias camadas dramáticas poderia ser melhor explorado nas mãos de outro jovem ator que não tivesse a seu favor às feições próximas de James Dean. Algumas cenas Jeremy tenta em vão lembrar o andar do promissor astro de Hollywood, mas ainda tem um longo caminho para percorrer até chegar aos pés do talento de Dean.

Stonewall é importante porque ressalta uma temática atual que merecia ser retratada para uma juventude que ainda sofre as consequências do preconceito, mas que graças ao filme deRoland Emmerich (Independence Day: O Ressurgimento) pode ter contato e saber mais sobre onde tudo começou.

Nota do CD:
3 out of 5 stars


Sinopse: O filme retrata as vésperas da rebelião de Stonewall. Enquanto gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros se preparavam para enfrentar a polícia, um jovem descobre novas ideias políticas e as dificuldades do mundo adulto.

Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Jon Robin Baitz
Elenco: Alex C. Nachi, Andrea Frankle, Atticus Mitchell, Ben Sullivan, Caleb Landry Jones, David Cubitt, Jeremy Irvine, Joey King, Jonathan Rhys Meyers, Jonny Beauchamp, Karl Glusman, Larry Day, Mark Camacho, Matt Craven, Nastassia Markiewicz, Otoja Abit, Patrick Garrow, Rohan Mead, Ron Perlman, Vladimir Alexis
Produção: Marc Frydman, Michael Fossat, Roland Emmerich
Fotografia: Markus Förderer
Montador: Adam Wolfe
Duração: 129 minutos

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