Lançado mundo afora em 2015, Últimos Dias no Deserto tem o seu lançamento, que já fora adiado diversas vezes, previsto em solo brasileiro apenas em 15 de setembro de 2016. O longa pode, perfeitamente, se enquadrar no perfil de filme, que possui uma premissa interessante, mas não consegue atingir o esperado. Uma pena, uma vez que o nome por trás da produção, Rodrigo García, de Albert Nobbs e a presença de Ewan McGregor (Toda Forma de Amor, O Impossível) , encarnando a pele de Jesus Cristo, prometiam uma produção muito interessante, porém, ao seu término o que permanece é a sensação de que a grandiosidade do deserto, terminou ofuscando o protagonista, algo difícil de se fazer, considerando de quem se trata. O elenco de apoio ainda conta com o talentoso Ciarán Hinds, conhecido pelo trabalho como Mance Rayder de Game Of Thrones e Tye Sheridan, que possui na carreira belos trabalhos em Amor Bandido e Joe.
A trama de Últimos Dias no Deserto propõe um encontro de Jesus, após algumas semanas rezando no deserto, com uma família, cuja a mãe, muito doente, está relutante com seu filho, que almeja mudar-se para a Jerusalém e começar uma nova vida, o mais breve possível. O jovem e seu pai não conseguem manter um bom relacionamento e possuem dificuldade em dialogar.
Emmanuel Lubezki, ganhador dos últimos três Oscars de Melhor Fotografia, pelos filmes: Gravidade, Birdman e O Regresso, entrega mais um trabalho incrível e capaz de tornar, o ambiente desértico, gigantesco e impactante aos olhos do espectador. É como se o calor saísse dos limites da tela e fosse vivenciado por quem assiste. Além, é claro, das belas tomadas apresentadas, novamente filmadas apenas com luz natural, mesmo método de O Regresso, reforçam a penitência que está sendo vivida pelo protagonista de Últimos Dias no Deserto.
O roteiro de Últimos Dias no Deserto é audacioso ao apresentar Jesus Cristo como um homem qualquer, algo também feito recentemente na nova versão de Ben-Hur, cujo o personagem foi brilhantemente interpretado por Rodrigo Santoro (300 – A Ascensão do Império, Heleno). É como se estivéssemos acompanhando o processo de evolução e auto conhecimento de um homem qualquer, que sabe de sua missão, mas ainda não conhece os caminhos para concretizá-la. As tentações, representadas através de uma versão ruim do próprio Jesus, surgem como algo que, ainda, pode atrapalhar o seu destino e os questionamentos sobre as atitudes tomadas por seu pai promovem algumas reflexões interessantes. Como dito na introdução, uma premissa interessante, porém as duas histórias apresentadas, não conseguem se conectar e são desenvolvidas e concluídas de maneira insatisfatória.
Assim sendo, os momentos de solidão, acabam sendo mais cansativos do que de fato contemplativos. Falta à produção uma melhor definição do que deseja ser e quem deseja atingir com sua proposta. Está justificado o atraso e diversos adiamentos na produção. Últimos Dias no Deserto tem grande chance de ser uma película, que irá sofrer com o apresso do público nas salas de cinema.
Nota do CD:2 out of 5 stars
Sinopse: Jesus(Ewan McGregor) viaja pelo deserto durante 40 dias de jejum e oração em uma passagem na relatada na Bíblia. Nessa jornada, ele enfrenta a personificação do Diabo que vai por em dúvida o amor de Deus, em um drámatico teste de sua fé.
Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Direção: Rodrigo García
Roteiro: Rodrigo García
Elenco: Ayelet Zurer, Ciarán Hinds, Ewan McGregor, Susan Gray, Tye Sheridan
Produção: Bonnie Curtis, Julie Lynn, Wicks Walker
Fotografia: Emmanuel Lubezki
Montador: Matt Maddox
Trilha Sonora: Danny Bensi, Saunder Jurriaans
Duração: 98 min.
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 08/09/2016 (Brasil)
Distribuidora: Mares Filmes
Estúdio: Division Films / Mockingbird Pictures
Nenhum comentário:
Postar um comentário