segunda-feira, 20 de abril de 2015

“Últimas Conversas”, de Eduardo Coutinho, estreia mundialmente no Festival É Tudo Verdade


O documentário Últimas Conversas, última produção dirigida por Eduardo Coutinho (1933- 2014), terá sua estreia mundial no É Tudo Verdade 2015 – Festival Internacional de Documentários, o que para o diretor do Festival, Amir Labaki, é uma honra. O evento terá entrada gratuita em todas as sessões e será realizado de 9 a 19 de abril em São Paulo e no Rio de Janeiro; no final do mês, Belo Horizonte recebe a programação de 29 de abril a 04 de maio, e por fim, de 27 de maio a 01 de junho o É Tudo Verdade chega a Brasília.

Últimas conversas tem cerca de uma hora e meia de duração e traz Coutinho conversando com jovens estudantes cariocas sobre o que pensam e sonham, e sobre suas expectativas para o futuro.  O material foi editado pela montadora Jordana Berg, parceira de trabalho e amiga de longa data do diretor, e a versão final é assinada por João Moreira Salles, produtor dos documentários do diretor desde Babilônia 2000 (2000). Jordana conta que o processo de montagem era feito de forma simultânea com Coutinho. “Ele anotava no caderno dele as observações dele sobre os personagens e eu anotava no meu. Depois íamos trabalhando ao mesmo tempo as minhas escolhas e as dele”, lembra.

Graças a esse método de trabalho, Coutinho partiu deixando a última produção encaminhada e um caderno cheio de anotações sobre os personagens do documentário que, até a ocasião, se chamava Palavra Durante toda a semana que antecedeu a morte do diretor, Jordana conta que esteve em contato com ele, discutindo os personagens. “Depois de assistir a primeira vez, ele marcava coisas que não necessariamente iam estar no filme, mas que ele destacava. Era a primeira impressão que com o tempo ou caía, ou ganhava ainda mais força. Era sempre assim. Ele tinha essa lista de coisas que gostava, eu estava começando fazer a minha”, se recorda e continua a lembrança: “Em geral meu processo com Coutinho era esse: a gente editava junto e quando chegava em um ponto de corte, parava e mostrava para o João. Nesse caso não teve a etapa intermediária. A gente assistia separado, depois se encontrava, conversava. Sempre ia discutindo e eu ia refazendo algumas coisas”.

A mudança no nome do documentário, segundo Jordana, é algo já presente na trajetória de Eduardo Coutinho. “Ao longo do processo muitos documentáios dele tiveram os nomes alterados. Nesse caso, pensanos muito e não “Ao longo do processo muitos documentáios dele tiveram os nomes alterados. Nesse caso, pensanos muito e não consideramos que ‘Palavra’ fazia jus ao filme. É claro que todos os filmes tratam da palavra de forma genérica, mas não era concreto, sabe?”, explica Jordana e continua: “Tudo do Coutinho, mesmo o que era transcendente e subjetivo, passava pelo concreto e partia do concreto. As perguntas eram objetivas, ele chegava no mágico e transcendia por meio do concreto”. O título “Últimas Conversas” foi proposto por João Moreira Salles e não foi tão bem aceito, de início, pela possibilidade de soar comercial demais. “A gente superou o medo de que as pessoas poderiam achar o nome melodramático ou comercial. Concluímos que esse nome era mais concreto. O filme é composto do processo como um todo, antes não eram as últimas conversas dele, mas acabou sendo…”, justifica, já em tom de lamento.

Mesmo não tendo sido idealizado para ser uma despedida, infelizmente acabou se tornando e coincidiu com a época de um dos maiores festivais de documentário do mundo. A estreia do filme no Festival É Tudo Verdade orgulha o fundador e diretor do evento, Amir Labaki: “É um belíssimo fecho para uma das obras mais originais da história do documentário mundial e do cinema brasileiro”. Para Jordana, não haveria melhor ocasião para lançá-lo: “De certa maneira a parte final da carreira do Coutinho, os últimos 15/20 anos e também a decolagem dele ao ápice da consagração que ele conquistou como documentarista coincidiu com a trajetória e o crescimento do Festival”.

Para acessar as datas e horários das sessões do documentário Últimas Conversas, de Eduardo Coutinho, clique aqui.

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