Se você já está por dentro do novo projeto estrelado por Leandra Leal e Mariana Ximenes, provavelmente deve estar se perguntando: afinal, quem é Sonia Silk? A protagonista de um dos clássicos do cinema brasileiro dos anos 70, Cobacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla, inspirou a mais nova empreitada experimental do cinema brasileiro, a trilogia Operação Sonia Silk.
Menos de R$ 400 mil para três longas, 15 pessoas na equipe e duas semanas para fazer acontecer. Pouca gente veria nisso um cenário possível para uma produção de qualidade, mas foi dessa equação improvável que os cineastas Bruno Safadi e Ricardo Pretti extraíram o substrato do projeto, que estreia hoje no Caixa Belas Artes, em São Paulo.
Produzida coletivamente por três produtoras, DB Produções, Daza e Alumbramento em coprodução com o Canal Brasil, a trilogia é formada por O uivo da gata, O Rio nos pertence e O fim de uma era, todos estrelados por Leandra Leal, Mariana Ximenes e Jiddu Pinheiro. Além do elenco, os três filmes têm em comum o cenário – a cidade do Rio de Janeiro –, o diálogo com a estética cinematográfica dos anos 70 e a vontade de elevar o cinema ao nível de urgência de produção que ele demanda.
Antes mesmo de os filmes ficarem prontos, na pós-produção, O uivo da gata, O Rio nos pertence ganharam o Hubert Bals Fund, do Festival de Roterdã, que seleciona filmes para financiar a produção, rendendo aos longas uma estreia internacional no maior festival de cinema da Holanda – os dois primeiros foram lançados por lá em 2013 e o terceiro este ano. Os filmes participaram também do Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, de Havana, do CHP Pix Copenhagen Film Festival, do Festival do Rio, Mostra de Tiradentes, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outros. Ao relembrar a trajetória da Operação, um dos diretores, Bruno Safadi, pontua o peso do cinema autoral para quem quer colocar em prática ideias que o sistema tradicional ainda rejeita. “O mais gratificante é propor algo novo, fora do padrão. Eu não quero enriquecer fazendo isso, meu sonho é chegar aos 60 anos de idade com 20, 30 filmes. O cinema brasileiro tem que circular. O artista tem que ser maior que o sistema, isso é fundamental para oxigenar a arte. É claro que a gente depende dele, mas não pode ser apenas isso senão você vira um subserviente. Se movimentar e pensar em novas formas de fazer: tudo isso é dever do artista.”
Prevista para estrear no Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Vitória, a trilogia estreia em São Paulo com um bate-papo gratuito após a sessão do dia 28.04, às 20h40, no Caixa Belas Artes. O debate é aberto é aberto ao público e vai contar com a presença de Bruno Safadi e Leandra Leal, que, além de atuar nos três filmes, também assina a produção, por meio de sua produtora, a Daza.
A ocasião é um prato cheio para quem tem curiosidade sobre produções como essa, experimentais e que buscam um diálogo artístico com um período específico da história do cinema brasileiro. Bruno já nem sabe dizer o que tornou a operação mais difícil, se o baixo orçamento (cada filme teve em torno de R$ 120 mil), a equipe enxuta ou o tempo curto, apenas comemora o feito como algo incomum na cinematografia nacional. “A mistura de todos esses ingredientes rendeu um desafio grande, mas ao mesmo tempo não era bem uma novidade pra nós. O Éden, por exemplo, ficou pronto em duas semanas. Essa foi minha escola, o que eu mais fiz na vida foram filmes pequenos e rápidos. Essa urgência me interessa. Isso é muito raro no cinema brasileiro, não é algo que se vê todo dia, e ao mesmo é algo muito característico da minha geração”, conta.
Para assistir aos trailers da trilogia, acesse o canal da Daza Produções no Youtube ou a página do filme no Facebook.
Caixa Belas Artes – São Paulo-SP
Dia 28.04, terça-feira, às 20h40
Bate-papo com Bruno Safadi e Leandra Leal
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