segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

FAUZI ARAP PRA PERMANECER



FAUZI ARAP
PRA PERMANECER

No dia 16/12 vou participar desse projeto muito foda que presta uma homenagem ao meu Amigo e Mestre Fauzi Arap. Vou dirigir a leitura de seu texto "O mundo é um moinho". É uma honra e uma responsabilidade muito grande. Dia desses tava contando numa entrevista o quanto o Fauzi era um cara especial (não apenas como o artista monumental que era). Eu vim trabalhar em São Paulo a convite dele. Ele me queria fazendo a peça "Santidade" do Zé Vicente e pensando nisso ele me convidou pra vir fazer "Frida Kahlo" antes a fim de que eu me estabilizasse em São Paulo. Mas ele sabia que eu vivia duro. Cheguei a dirigir um grupo de estudantes de psicologia que queriam fazer teatro e dar aulas em Utinga em uma escola de periferia pra conseguir pagar o cachorro quente e o aluguel de um quartinho na Monsenhor Passalacqua em um prédio cuja grande parte da população era de garotas de programa. Eu ficava escrevendo à noite e deixava a porta do meu quarto aberta. Elas chegavam do trampo e sentavam na beirada da minha cama e ficavam conversando até amanhecer. O Fauzi sabendo da minha situação precária sempre arrumava um jeito de me ajudar. Eu tinha lançado o meu primeiro livro, o "Mamãe não voltou do supermercado" e ele gostava pra caralho desse livro. Então numas de me ajudar ele comprava tipo 50 exemplares do livro e distribuía para os amigos dele. Quando eu tive problemas de ouvido, ele ficou muito preocupado e me pagou uma consulta com um otorrino. Aí teve um tempo depois que eu me mudei com alguns amigos para um prédio na Major Diogo. O prédio era meio barra pesada. A população desse era majoritariamente de travestis. Um dia o Fauzi foi me buscar lá pra almoçar (se não me engano). Foi ele e o nosso amigo Niltinho Bicudo. Quando ele entrou no prédio, na porta do elevador, tinha uma poça de sangue. Alguém tinha "passado" um cara ali durante a noite. Lembro que o Fauzi disse pro Niltinho algo do tipo: "O Mário mora num lugar muito perigoso". Enfim, o Fauzi tava sempre preocupado comigo e eu sempre fico achando que eu não correspondi adequadamente a amizade que ele tinha por mim. Acho que ele sempre foi muito mais legal comigo do que eu com ele. Mas enfim, acho que isso acontece sempre. E quando a gente percebe, costuma ser tarde demais. Então nessa próxima terça vou dirigir o texto dele lá no Teatro do Sesi e com um elenco muito maneiro. Tem o Ary França que é um ator que eu gosto muito e que sempre tive vontade de trabalhar. A Lígia Cortez por quem eu também tenho profunda admiração e a Denise Fraga com quem eu fiz a primeira leitura da peça "Qualquer gato viralata tem uma vida sexual mais sadia que a nossa" do Juca de Oliveira com o próprio no elenco e com a Denise sob a direção do Fauzi. Completam o elenco os atores Rodrigo Pandolfo e Fabio Nassar.

Que o Fauzi permaneça entre nós. Já que não temos mais sua insubstituível presença física e artística que seja então por meio de sua obra. Espero corresponder. Dessa vez, pelo menos.
Vai ser nessa terça-feira (dia 16/12) às 20h no Centro Cultural Fiesp - Av. Paulista, 1313.

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