quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Caio Tozzi conta como sua carreira transita entre a escrita e o audiovisual

Nascido em São Paulo no ano de 1984, Caio Tozzi sempre esteve envolvido desde cedo com expressões artísticas como o desenho e a literatura. Ele conta que começou a escrever muito cedo. “Eu era muito tímido na infância, talvez por isso, sempre fabulei muito e a escrita foi, inevitavelmente, a minha maneira de me comunicar com o mundo. ” – explica.

Sem surpresas, ao escolher seu curso na faculdade optou por Jornalismo. “Minha primeira atração foram as palavras, mas sou de uma geração que foi criada e muito influenciada pela televisão. Por isso, ao escolher uma pós-graduação optei por cursar roteiro audiovisual”.

Em 2008 Caio abriu a Vila Filmes, com o amigo Pedro Ferrarini, que conheceu ao trabalharem juntos em uma agência de publicidade. “Na produtora eu acabava organizando e produzindo toda a parte de conteúdo. Em meio aos projetos publicitários e institucionais, sempre lutei para que também realizássemos os projetos autorais. E foi assim que começamos a produzir alguns documentários”

Logo de início ele então atuou como roteirista de documentários como Zoológico de São Paulo – 50 Anos de história com a natureza (2008) e Mitos & Ícones (2009). Como documentarista, criou, roteirizou e codirigiu os filmes Ele era um menino feliz – O Menino Maluquinho, 30 anos depois (2011), sobre a trajetória do personagem mais famoso do escritor e cartunista Ziraldo.

“Sempre fui apaixonado pelo trabalho do Ziraldo, conhecia desde criança, e vi aí uma oportunidade de contar uma história bacana. No geral, me dá muito prazer me debruçar na história de artistas inspiradores, e o Ziraldo é meu ídolo de infância”.

Caio conta que a opção de fazer os documentários não foi fácil.  “Fizemos todos na raça, sem verba – documentário tem uma execução mais simples e barata que uma ficção. Foi um grande aprendizado”.
Hoje em dia ele ainda tem que dividir seu tempo entre suas duas paixões. Publica seus textos no jornal Tribuna de Águas, com circulação em cidades do interior de São Paulo e roda o País com o documentário A Vida Não Basta, onde assina direção e roteiro.

O longa de 2013 foi inspirado em uma frase do poeta maranhense Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”, e vai ao encontro de nove artistas de diferentes áreas para descobrir porque é preciso criar para a vida ir além.

No filme, a atriz Denise Fraga, o escritor Milton Hatoum, o estilista Ronaldo Fraga, o cantor e compositor Toquinho, a cineasta Laís Bondanzky, o dramaturgo Leonardo Moreira e os quadrinistas Gabriel Bá e Fábio Moon – além da participação especial do próprio Gullar – dialogam sobre as origens da criação artística em suas vidas, a descoberta da vocação, os processos criativos, a relação com o público, dentre outros assuntos relacionados ao tema.

A Vida Não Basta foi realizado de maneira totalmente independente. A divulgação e a exibição são realmente um trabalho de formiga. Conseguimos colocá-lo em alguns circuitos independentes do Brasil e exibi-lo em mostras e festivais. Agora em novembro o filme é um dos destaques da FLIPORTO, um dos principais festivais literários do Brasil, que acontece em Olinda, e o tema desse ano é Cinema e Literatura – e é nesses dois universos que venho transitando ao longo da minha carreira. ” – celebra.

Seus contos e crônicas estão reunidos nos livros Postal e Outras Histórias (2009) e Quando Éramos Mais (2013). Recentemente ele publicou um livro infantojuvenil chamado O Segredo do Disco Perdido – uma aventura ao som do Clube da Esquina (2014), em parceria com Pedro Ferrarini. Caio acredita que seus projetos futuros estejam na literatura estejam ligados a esse público. “Saí da Vila Filmes para conseguir focar mais minha carreira em roteiros, além de outras coisas mais ligadas à escrita. Mas pretendo continuar trabalhando com documentários. Foi uma paixão que eu encontrei. ” – conclui.

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