sábado, 18 de outubro de 2014

Conheça a trajetória profissional de Paulo Lins, roteirista e autor de “Cidade de Deus”


 

Ano de 1997: o livro Cidade de Deus, de Paulo Lins, era publicado e seria considerado, mais tarde, uma das maiores obras da literatura brasileira contemporânea. Assim, sem imaginar, Paulo Lins já começava involuntariamente seu envolvimento com cinema e é sobre a importância dos roteiros na produção televisiva e cinematográfica que o escritor vai falar nos dias 28, 29 e 30 de outubro, no projeto Tertúlia: Roteiristas, que será realizado nas unidades do Sesc em Araraquara, Consolação e Santos, respectivamente, sempre às encontros ocorrerão sempre às 20h.

A obra literária que fala sobre a vida das favelas no Rio de Janeiro, especificamente na favela Cidade de Deus – onde Lins viveu boa parte da vida-, partiu de um trabalho de pesquisa antropológica que cinco anos depois foi transformada em longa-metragem pelos diretores Fernando Meirelles e Kátia Lund, com roteiro de Bráulio Matovani.

O filme Cidade de Deus (2002) recebeu quatro indicações ao Oscar 2004 (melhor diretor, melhor fotografia, melhor montagem e melhor roteiro adaptado) e foi indicado para o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Lins conta que nunca pensou em ser roteirista e que em meados dos anos 80, Ricardo Cravo comentou sobre a possibilidade de fazerem algo para o cinema e que já na década de 90 o cineasta Cacá Diegues o convidou para colaborar com o roteiro do longa Orfeu (1999).

Paulo Lins disse sim ao destino que se apresentava e desde então foi trilhou uma carreira que o configurou como um dos roteiristas mais solicitados pelo cinema e pela TV. Em 2000, Marcelo Yuka o convidou para trabalhar o roteiro do videoclipe A Minha Alma (A paz que eu não quero),da banda O Rappa. Segundo o escritor e roteirista, foi sendo levando e aprendendo muito. Para um poeta, acostumado a trabalhar só, escrevendo romances, o trabalho de roteirista o surpreendeu. “Eu acho muito mais fácil escrever roteiros do que um romance; no cinema você tem parceiros, tem o diretor, o produtor. No romance não”.  E completa: “Eu já estava acostumado. Por exemplo, quando fiz Subúrbia [na Globo], a gente escreveu um romance primeiro, pra depois transformar em série”.

Para ajudar na nova função, Lins conta que fez alguns cursos e ouviu muitos amigos da área, para de aperfeiçoar. “Uma coisa que eu fazia muito também, era assistir a um filme e ir lendo o roteiro junto. Foi um grande exercício pra mim e eu recomendo. Eu me entreguei para o cinema”.
Em 2002, fez roteiros para alguns episódios de Cidade dos Homens, da TV Globo, e o roteiro do filme Quase dois irmãos, de 2004, de Lúcia Murat, que recebeu o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2005.

Os trabalhos na área da sétima arte não deixaram mais a carreira do poeta, que recentemente trabalhou ao lado de René Sampaio, no roteiro da adaptação cinematográfica da canção Faroeste Caboclo, de Renato Russo, e atualmente, está trabalhando em um novo projeto de colaboração para novela, prevista para 2018.

O projeto Tertúlia: Roteiristas vai até o dia 10 de dezembro e recebe, ainda, Thelma Guedes e Bráulio Mantovani.

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