terça-feira, 20 de setembro de 2016

Águas Rasas – Crítica 2

aguas

Se correr o bicho pega, se ficar…
Protagonizar sozinho não é fácil. Seja no teatro, na tv ou no cinema. No cinema, vários passaram por essa empreitada. Tom Hanks (Negócio das Arábias) já ficou sozinho numa ilha (Náufrago). Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria) passou horas dentro de um carro, falava com pessoas pelo telefone, só ele aparecia (Locke). Robert Redford (Sem Proteção) ficou perdido no mar, dentro de um barco sozinho (Até o Fim). Sandra Bullock, depois de um acidente no espaço sideral, perde todos os amigos astronautas, e precisa lutar por sua sobrevivência (Gravidade). Ryan Reynolds (Deadpool), sequestrado, enterrado vivo, apenas com um celular e isqueiro (Enterrado Vivo). E a mais nova “sozinha” é Blake Lively (Café Society), que ao surfar em uma praia isolada, acaba não conseguindo voltar à margem, pois está cercada por um tubarão branco. Todos esses filmes têm em comum o carisma e o bom papel que lhes foram reservados. Pois aguentar mais de uma hora e meia, apenas uma pessoa em cena, não é fácil.

Blake Lively, a senhora Ryan Reynolds, além de ser muito bela, está ótima em seu papel. Ela é Nancy, depois de uma tragédia familiar – a mãe morreu – decide ir à praia favorita dela. Em seu momento de descontração, surfando, percebe algo diferente. É o tubarão. Consegue ficar numa pedra, distante, mais ou menos uns 200 metros da praia, onde deixou o seu celular. Nancy não está sozinha, está acompanhada de uma pequena gaivota, com quem irá conversar e passar o tempo. Ou mesmo quando não conversa com a gaivota, narra cada passo que dá por sua sobrevivência, nos deixando a par dos seus pensamentos. Em um momento aparece um bêbado na praia, seria a sua salvação, ela grita, mas nada é tão fácil. E tudo isso é muito gostoso de ver. Com vários momentos tensos, agoniantes e bem filmados, com belos ângulos, tanto da moça em perigo, quanto ao resto da paisagem em que está inserida. O público-alvo vai ao delírio. O público se preocupa com Nancy. O alvo está de um jeito quase impossível de sobreviver.

Águas Rasas funciona perfeitamente, porque consegue juntar todos os ingredientes que um bom filme trash precisa ter. Começando pela bela mulher em perigo, que precisa ser esperta, com momentos Maguiver (personagem que se livrava do perigo de formas inusitadas) de sobrevivência. E perguntamos se ela irá fazer aquilo mesmo. Garota danada. Algumas mortes ao seu redor agrega valor ao suspense e à sua sobrevivência. Mortes de coadjuvantes sempre são necessárias para o bom andamento das coisas. Um drama familiar também é bem-vindo, sem muito aprofundamento nas questões existenciais, mas algo que faça a personagem mudar de ares por causa de um acontecimento recente. Quando não tem alguém pra conversar, se vire com o que aparecer, no caso de Nancy, a gaivota é o principal refúgio para os momentos de isolamento obrigatório. A gaivota é o ser que pode virar o melhor amigo da moça. Uma amizade que serve para o público se compadecer, ainda mais, com todo o drama vivido por Nancy. O tubarão à espreita. A mulher que não consegue voltar à praia. O suspense em crescimento é a chave para o sucesso. Não sabemos o que irá acontecer. Nancy é a protagonista.
Será que poderia ser devorada pelo tubarão faminto que nem imagina que ela é tão simpática e com linda família? Ah, tubarão não vê essas coisas, ele quer saciar sua fome por seres humanos (ou qualquer outro ser). Saiu da rede e caiu no mar vira comida. Nancy precisa lutar para não servir de alimento para uma criatura bem maior e mais forte que ela.
E tudo iria por água abaixo, se não houvesse um bom diretor conduzindo toda a bagaceira. Jaume Collet-Serra (Sem Escalas) é ótimo diretor. Ele não vacila. Aprendeu perfeitamente como a câmera deve se portar no meio de tanta água. E o seu melhor é a tensão que nos é proposto. Faz a gente experimentar como se estivéssemos em perigo. Não soa artificial. Acreditamos no que vemos. Ainda bem que conseguiu uma atriz que convence no “leve desespero”. Águas Rasas, filme de tubarão, é muito eficiente em sua proposta. E só tem a ganhar com suas sutilezas em alguns momentos e certo histrionismo em outras. Um bom filme que se especializa no suspense e bem menos nos sustos. E isso é bem legal.

Nota do CD:
3.5 out of 5 stars

Sinopse: Nancy (Blake Lively) está surfando sozinha em uma praia isolada, quando é atacada por um tubarão branco e encurralada a poucos metros de distância da praia. Apesar de estar muito perto, chegar até lá se mostra uma imensa prova de sobrevivência.

Ficha Técnica:
Gênero: Suspense
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Anthony Jaswinski
Elenco: Blake Lively, Óscar Jaenada, Sedona Legge
Produção: Lynn Harris, Matti Leshem
Fotografia: Flavio Martínez Labiano
Montador: Joel Negron
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Ano: 2016


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