Está em cartaz no 27º Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo o curta brasiliense Das raízes às pontas, da diretora Flora Egécia Oliveira Morais. O documentário traz depoimentos e experiências de transformação de pessoas com distintos perfis e características que, de alguma forma, se reaproximaram de suas origens. Os entrevistados são todos negros e compartilham histórias e pontos de vista em relação ao simbolismo do cabelo crespo como elemento do que é ser negro e como ato político contra imposições estéticas da sociedade contemporânea.
Uma das personagens é Luiza, 12 anos, que fala com orgulho dos seus cachos e de como tem construído sua própria identidade a partir da educação afirmativa que teve em casa. Das raízes às pontas também traz depoimentos de figuras públicas negras, como a cantora Ellen Oléria e a atriz Sheron Menezes.
O documentário foi criado a partir de experiências dos componentes da equipe. Débora Morais, uma das roteiristas, é professora da rede pública de ensino do Distrito Federal e sugeriu pautar a questão da construção da identidade, passando pela infância e com ênfase no cabelo crespo. A diretora Flora Egécia viu no filme uma oportunidade de dar voz a um movimento crescente de afirmação e resgate da cultura afro-brasileira, que é cada vez mais crescente nos dias de hoje.
Mais obras sobre construção de identidade
O cenário do cinema nacional atual está repleto de obras que abordam esse tema tão importante nas conversas cotidianas. É o caso da ficção Branco Sai, Preto Fica (2015), de Adirley Queirós. O enredo fala sobre uma ação policial durante um baile Black na periferia de Brasília quando, em uma troca de tiros, dois homens saem feridos. Na história, um terceiro homem vem do futuro para investigar o acontecido, com a intenção de provar que a responsabilidade é dos efeitos de uma sociedade opressora. Outra obra que aborda o tema é o longa Menina Mulher da Pele Preta, de Renato Candido de Lima, que trata de questões da construção da identidade da mulher negra, que muitas vezes tem que lidar com preconceito, por um processo de rejeição, dificuldade de autoaceitação, negação da negritude e falta de representatividade positiva.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2016
A importância da construção de identidade no cinema nacional
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