domingo, 31 de janeiro de 2016

“O Menino e o Mundo”, animação dirigida por Alê Abreu, está entre os cinco finalistas do Oscar e o Brasil torce mais uma vez



Que comecem os bolões! A festa premiação do Oscar está eminente, e dentre os cinéfilos há aqueles que gostam de apostar entre amigos quem serão os ganhadores. Só que é bastante difícil separar “quem você acha que vai ganhar” de “quem que você quer que ganhe”.

Tentamos fazer isso, mas apostar em filme que não está no coração traz má sorte, por isso, nossas fichas estão em O Menino e o Mundo, animação dirigida por Alê Abreu que está entre os cinco finalistas.

O longa narra a história de um menino em busca do pai e nessa trajetória vai descobrindo as durezas do mundo real e as fantasias do mundo da imaginação. Aqui no Brasil o filme foi assistido por 50 mil espectadores, ficando mais de 30 semanas em cartaz. Fora daqui ele teve muitos espectadores na França, quase 120 mil, muitos deles alunos da educação pública que tem projetos de levar crianças ao cinema.

Além da animação brasileira, concorrem em 2016 as seguintes obras: Anomalisa (de Charlie Kaufman e Duke Johnson – EUA); Divertida Mente (de Pete Docter e Ronaldo Del Carmen - EUA), Shaun, o Carneiro (de Mark Burton e Richard Starzak – Reino Unido) e As Memórias de Marni (deHiromasaYonebayashi – Japão).

O Brasil já concorreu ao Oscar em várias categorias, mas essa é a segunda vez que uma animação chega à lista de finalistas. Nosso representante anterior foi  Carlos Saldanha, com Gone Nutty na categoria Melhor Curta-Metragem de Animação, em 2003.

Mas não é porque nunca ganhamos que não somos ganhadores. O Oscar é uma dessas disputas que o importante é participar. Pergunte ao Leonardo de Caprio (que seja esse ano, Leo!).

O rapper mineiro Shabê Furtado, conta que sempre que pode acompanha a transmissão da festa. “O Oscar, historicamente, fez escolhas que eu, mesmo sendo fã de todo tipo de filme, considero aberrações. Achei Shakespeare Apaixonado um filme bem mediano, e ganhou. 2001, que hoje em dia é considerado uma obra-prima do Kubrick, não levou a estatueta… Também sinto falta de uma representatividade da comunidade negra entre os indicados. Acho que acompanho porque estou muito envolvido com cinema. Por conta dessas coisas o Oscar acaba não sendo a única premiação que levo em consideração mas, mesmo com tudo isso, eu sempre fico na expectativa”.

O processo para concorrer envolve uma burocracia que Diretores e Produtores conhecem bem. Ou seja, não é a Academia que sai por aí em busca do melhor do cinema mundial, o processo é inverso, uma obra pede para concorrer.

Para que um filme seja candidato a uma indicação da Academia, o produtor deve preencher o formulário Official Screen Credits, onde constam os créditos da produção para todas as categorias às quais o filme pretende concorrer. Normalmente o prazo para entrega da ficha é no início de dezembro. A Academia reúne esses formulários e reúne a Reminder List of Eligible Releases. Em janeiro, a organização envia uma cédula de indicações e uma cópia dessa lista de candidatos para todos os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS, que na sigla em inglês significa Academy of  Motion Picture Artes and Sciences).

A AMPAS foi fundada em 1927 para promover a excelência do cinema, honrando as realizações do meio no ano anterior. Hoje em dia a Academia tem mais de seis mil membros e esse time seleto é composto por ex-indicados ou premiados, sendo um misto de diretores e atores e todos os outros profissionais que atuam na cadeia do cinema, como fotógrafos, produtores, montadores relações-públicas, músicos entre outros.

Da Reminder List of Eligible Releases, os membros da academia escolhem, em duas semanas, os cinco indicados em cada categoria (exceto a de Melhor Filme, que ultimamente tem variado entre nove ou dez).

Cada membro vota para a categoria no qual pode ser considerado um especialista, ou seja, diretores votam para Melhor Direção; roteiristas, para Melhor Roteiro, etc, com exceção de Melhor Filme, todos podem votar, e para Melhor Filme Estrangeiro, para o qual é designado um comitê específico.

As cédulas com os filmes pré-selecionados são enviadas a uma empresa de auditoria, que contabiliza tudo e nomeia os mais votados. Estes é que são anunciados como os indicados ao Oscar numa coletiva de imprensa, em meados de janeiro. Bom, até aí, O Menino e o Mundo chegou.

Nossa torcida está valendo para a última parte do processo, no qual as cédulas que contém os indicados em cada categoria voltam para os membros da Academia para que estes decidam seus favoritos ao prêmio. Uma espécie de segundo-turno de votação. Em segredo absoluto, os auditores contabilizam os votos novamente e lacram os resultados até o dia da cerimônia de entrega do Oscar.

Nessa última etapa é praxe que produtoras e distribuidoras façam campanhas para promover seus filmes e assim influenciar os votos dos membros da Academia. A única proibição é o envio de presentes ou ações de marketing por correio/e-mail ou ligações para membros como forma de usar de influência para obter vantagem pessoal.

A 88.ª cerimônia de entrega dos Academy Awards será realizada em 28 de fevereiro, e terá o comediante Chris Rock como anfitrião. Aqui no Brasil a festa será televisionada pelo canal por assinatura TNT. Na tevê aberta quem tem os direitos de transmissão é a Globo, que esse ano apresentará um compacto com os melhores momentos no dia 3 de março.

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